Em abril, endividamento sobe e inadimplência não cai, segundo CNC
O nível de endividamento das famílias brasileiras cresceu pelo segundo mês consecutivo, alcançando 78,5% em abril. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados na terça-feira (7). Em março, o nível de endividamento era de 78,1% das famílias, e em abril do ano passado, de 78,3%. São dívidas a vencer com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A pesquisa observou que a inadimplência se manteve em 28,6% da população, com um aumento significativo de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas vencidas, passando de 11,6% para 12,1% dos entrevistados, o maior do ano. As famílias de renda baixa são a maior parte dos inadimplentes, representando 35,8% em abril.
A persistência do endividamento das famílias em patamares altos acompanha a manutenção das taxas de juros básicos da economia em patamares igualmente altos. Mesmo com a recente redução de 0,25 na Selic (10,5%), ao ano, o juro real (descontada a inflação) ainda é o segundo mais alto do mundo.
Soma-se a isso o custo de vida ainda elevado e a renda da população, que continua baixa. Os principais credores do endividamento das famílias são o cartão de crédito – cujo juros ainda a 421,3% ao ano – o cheque especial, o crédito consignado, e o empréstimo pessoal, ou seja, os bancos que mantêm as taxas de juros ao consumidor os mais altos do planeta.
São as famílias mais pobres que estão engrossando o nível de endividamento, afirma a CNC. Dentro os que têm renda familiar de até 3 salários mínimos, houve avanço de 0,7 ponto percentual no endividamento, chegando a 80,4% do total. Também houve crescimento de 0,4 ponto percentual na parcela de famílias consideradas “muito endividadas”, que atingiu 17,2%, maior patamar desde janeiro.