Até agosto foram desviados mais R$ 271 bi, contra R$ 245 bi no mesmo período em 2016
A economia continua no fundo do poço, a arrecadação em baixa, mas as transferências de recursos públicos para o setor rentista (bancos, fundos e demais parasitas), via gasto com juros, continuam de vento em popa. De janeiro a agosto, foram gastos com juros R$ 271,078 bilhões, o equivalente a 6,26% do Produto Interno Bruto (PIB). Comparativamente, no mesmo período do ano passado foram para o ralo dos juros R$ 254,575 bilhões (6,17% do PIB), segundo números do Banco Central, divulgados na sexta-feira (29/09).
Com esse desperdício de dinheiro público, o que sobra para investimento? Nada. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a formação bruta de capital (FBCF) caiu 5,1% no primeiro semestre, enquanto a taxa de investimento (investimento/PIB) desabou a 15,5%, a menor taxa registrada desde 1996. Sem investimento não há crescimento. É, no mínimo, risível a declaração do ministro da JBS, Henrique Meirelles, de que o país vive um ciclo de crescimento, “o mais longo que vivenciamos nos últimos tempos, na última década ou mais”. A temerária declaração foi feita em um evento de tecnologia e comunicação em São Paulo, na segunda-feira (02/10).
Segundo ele, “Mais importante que o crescimento médio é comparar a taxa de expansão do último trimestre de 2017 e 2016. Por essa medida, nosso crescimento [no final de 2017] será superior a 2%, podendo chegar a 2,5%”. Conforme o IBGE, no quarto trimestre do ano passado, o PIB caiu 0,9% em relação aos três meses anteriores. Em relação ao quarto trimestre de 2015, a queda do PIB foi de 2,5%. No primeiro semestre deste ano, o crescimento foi zero. Economistas do sistema financeiro, através do boletim Focus, projetam para este uma variação de 0,70% do PIB.
Um dos pontos que apontaria para a retomada do crescimento, segundo Meirelles é a ligeira queda do índice de desemprego de 12,8% no trimestre móvel terminado em julho para 12,6% no trimestre terminado em agosto. Além do fato de ser uma queda residual, continua sendo superior ao trimestre junho-agosto do ano passado, de 11,8%. E mais: a redução de 0,2% no desemprego se deve ao crescimento do trabalho informal. De qualquer forma, no trimestre terminado em agosto, o país tinha nada menos que 13,1 milhões de desempregados – fora os subempregados.
O “crescimento sólido” de Temer/Meirelles redundou no maior índice de rejeição para um governo, superando inclusive o desastre do governo Dilma, do qual Temer fazia parte.
V.A.