O Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY) denunciou na última quarta-feira (13) que duas crianças yanomami da comunidade Macuxi Yano, em Roraima, morreram após serem sugadas por uma draga utilizada pelo garimpo ilegal no território indígena na terça-feira (12). Os corpos dos meninos já foram encontrados.
Em seu perfil no Instagram, a Condisi-YY disse que as crianças, um menino de 4 anos e outro de 5 anos, são primos e brincavam à beira do rio Parima, perto de uma “draga”, quando foram sugados pelo maquinário utilizado pelo garimpo ilegal e levados pela correnteza.
https://www.instagram.com/tv/CU-qu4sFPRi/?utm_medium=copy_link
Júnior Hekurari Yanomami, presidente do conselho, declarou que o corpo de um dos garotos foi encontrado pelos yanomami. A outra criança foi encontrada pelo Corpo de Bombeiros na última quinta-feira (14).
“A situação exposta é gravíssima e deixa explícita a negligência do governo com os Povos Yanomami que vivem à mercê dos invasores”, diz o Condisi-YY.
Na quarta-feira, Hekurari publicou uma foto ao lado do Corpo de Bombeiros e escreveu que estava a caminho da região do Parima. No vídeo, ele exige o esclarecimento de como a morte das crianças aconteceu.
Conforme ressalta a associação, até setembro de 2021, a área acumulada de floresta destruída pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami superou a marca de 3 mil hectares — um aumento de 44% em relação a dezembro de 2020.
Somente na região do Parima, onde está localizada a comunidade Makuxi Yano e uma das mais afetadas pela atividade ilegal, foram atingidos 118,96 hectares de floresta degradada, um aumento de 53% sobre dezembro de 2020, segundo a liderança Yanomami.
Além das regiões já altamente impactadas, como Waikás, Aracaçá e Kayanau, o garimpo avança sobre novas regiões, como Xitei e Homoxi, onde a atividade teve um aumento de 1000% entre dezembro e setembro de 2021.
A terra Yanomami é a maior reserva indígena brasileira, abrigando cerca de 27.000 índios em mais de 300 comunidades.