Uma operação da Polícia Federal (PF) apreendeu a maior quantidade de madeira nativa da história do Brasil, na última segunda-feira (21). Os 43.700 troncos estão dispersos por uma extensão de 20 mil km², em diversas esplanadas (pátios de madeira) ao longo dos rios Mamuru e Arapiuns, tamanho comparável a Sergipe.
A apreensão faz parte da operação Handroanthus GLO, uma alusão ao nome científico do ipê, uma das árvores mais cobiçadas da Amazônia, e da missão de garantia da lei e da ordem que está em vigor na Amazônia desde o primeiro semestre deste ano.
A maior quantidade apreendida até então aconteceu em 2010, quando foram apreendidos cerca de 65 mil metros cúbicos na Reserva Extrativista (Resex) Renasce, também no oeste do Pará, metade do que foi apreendido na última operação.
O cálculo da apreensão é preliminar e considerado subestimado pela PF. Ainda haverá uma perícia mais apurada nos próximos dias com o apoio do Exército, no marco da Operação Verde Brasil 2. O Ministério Público Federal acompanha a operação por meio do procurador da República Leonardo Galiano, que visitará a região nesta semana.
De acordo com o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, esta é uma “área que estava sofrendo uma devastação irracional, que de forma alguma pode ser chamada de manejo florestal. […] O comércio ilegal de madeira sofrerá um baque muito grande com esse trabalho”.
Alexandre Saraiva diz ainda que após a localização dos troncos foram feitos sobrevoos de helicópteros para finalizar o processo de identificação e localização das clareiras. Saraiva afirma que o objetivo da operação é sufocar a extração de madeira ilegal, nesta primeira fase.
“Essa operação tira uma grande quantidade de material que abasteceria o mercado de madeira. Ainda estamos investigando, mas pelas dimensões das áreas e da apreensão, não acreditamos que haja planos de manejo suficiente para toda essa madeira”, diz Saraiva.
De acordo com o superintendente da PF, ainda não é possível afirmar se madeira seria destinada à exportação, mas que a julgar pelas espécies e pela quantidade, é possível que parte do material tivesse o mercado internacional como destino.
Nos últimos três anos, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas tem investigado o mercado ilegal de madeira. Em 2017, foi deflagrada a Operação Arquimedes, maior investigação já realizada sobre o assunto. Ao todo, 61 empresas estão sendo investigadas e pelo menos 22 pessoas já foram denunciadas.
As investigações apontam para um esquema envolvendo agentes públicos, empresários e “laranjas” que consistia no pagamento de propina para servidores de órgãos de proteção ambiental para autorizar a extração de madeira por meio de planos de manejo fraudulentos. Com a autorização, os madeireiros obtinham créditos para comercializar a madeira tanto no mercado nacional quanto internacional.