O ex-deputado e aliado de Jair Bolsonaro, Roberto Jefferson, conseguiu comprar duas armas e 150 cartuchos enquanto estava na cadeia e em prisão domiciliar, durante o antigo governo.
Jefferson chegou a usar uma dessas armas, a carabina Smith & Wesson calibre 5.56, no ataque contra agentes da Polícia Federal, pelo qual responde por tentativa de homicídio.
A compra consta de relatório da Polícia Federal, divulgado pelo jornal O Globo.
No ataque, disparou 60 tiros e arremessou três granadas contra os agentes. Dois policiais da PF foram feridos, entre eles a agente Karina Lino. O delegado Marcelo Vilella foi outro policial atingido.
O “presidente de honra” do PTB era aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro e defendeu abertamente um golpe de Estado, com ataques e ameaças contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o jornal Globo, Roberto Jefferson comprou, por R$ 14,4 mil, uma pistola Force Plus calibre 9mm, da italiana Tanfoglio, no dia 22 de dezembro de 2021. Nessa data, no entanto, o bolsonarista estava preso no Complexo de Gericinó.
Essa arma foi encontrada no carro de Jefferson, dentro de uma maleta, em outubro de 2022, quando sua prisão domiciliar foi revogada e ele foi novamente transferido para a cadeia.
Junto dela estava seu certificado de registro, emitido no dia 10 de maio de 2022. O registro foi emitido ilegalmente, uma vez que a legislação impede que investigados e réus em ações penais possam comprar armas.
Além desse documento, havia uma guia de tráfego supostamente emitida pelo Exército que permitia Roberto Jefferson levar a pistola 9mm da loja Guns Sport até um endereço do bolsonarista, tudo dentro de Brasília.
O amigo pessoal de Jair Bolsonaro também registrou a carabina Smith & Wesson, de calibre 5.56, em 4 de julho de 2022. Nesse período, Jefferson cumpria prisão domiciliar.
A carabina foi entregue à Polícia Federal pelo “padre” Kelmon Luís da Silva Souza, candidato pelo PTB, presidido por Jefferson, nas eleições de 2022 para ajudar Bolsonaro.
Os agentes da Polícia Federal também encontraram a nota fiscal da compra de 150 cartuchos 9mm, no valor total de R$ 2 mil, na loja Guns Sport. Ao todo, Roberto Jefferson tinha 8,1 mil cartuchos em sua casa.
O registro das armas aconteceu na 11ª Região Militar, em Brasília.
As flagrantes ilegalidades estão sendo investigadas em um Inquérito Policial MIlitar (IPM) no Exército, que foi aberto em maio de 2022 a pedido do Ministério Público Militar (MPM).
Segundo a 11ª Região Militar do Exército, em informação prestada ao MPM, a guia de tráfego relativa à pistola 9mm não foi emitida por eles.
A procuradora do Ministério Público Militar, Caroline Piloni, apontou a necessidade de “apurar eventuais responsabilidades criminais quanto à manutenção ou ao deferimento para aquisição, por parte de Roberto Jefferson, de novos Produtos Controlados pelo Exército no período em que ele já era investigado em inquérito criminal e, depois, réu em ação penal”.
A investigação deverá identificar quem deu a autorização para a compra das armas e entender o motivo da demora para cassar o registro CAC de Jefferson, sendo que ele era réu desde agosto de 2021.
Mesmo réu, Roberto Jefferson continuou com autorização, enquanto CAC, de ter mais de 14 armas.
Seu registro CAC só foi suspenso no dia seguinte ao ataque contra os policiais, em outubro de 2022. Na ocasião, ele arremessou uma granada com pregos acoplados para resistir à prisão.
Em depoimento, o amigo pessoal de Jair Bolsonaro disse que “até riu” dos policiais que se esconderam para fugir do ataque.
Relacionadas: