O desemprego continua crescendo no país e, segundo a PNAD Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na semana passada, atingiu 13,2 milhões de pessoas no trimestre encerrado em maio, comparado com 13,1 milhões do trimestre anterior (dezembro, janeiro e fevereiro).
Com a crise, cresce o contingente de pessoas no desalento, consideradas fora da força de trabalho. São aquelas pessoas que têm condições de trabalhar, mas não trabalham e também não procuram emprego, porque não acreditam que vão conseguir, até porque está faltando trabalho. A produção industrial patina, assim como as vendas no comércio e o setor de serviços.
Só no trimestre encerrado em maio, na comparação com o trimestre anterior (dez-jan-fev), 475 mil pessoas deixaram de procurar emprego e, na comparação com o trimestre terminado em maio do ano passado, um milhão de brasileiros deixaram a força de trabalho.
O total do número de pessoas fora da força de trabalho pulou de 64,4 milhões (mar-abr-maio/2017) para 65,4 milhões no trimestre encerrado em maio deste ano.
Com as contas chegando e a comida faltando, é cada vez maior a quantidade de brasileiros que, não encontrando emprego, saem em busca de um bico.
Enquanto cai o nível de emprego, a precarização cresce.
Os chamados trabalhadores por conta própria somaram 22,9 milhões de pessoas, apresentando um adicional de 568 mil pessoas em relação ao mesmo período do ano anterior.
Conforme o IBGE, o número de empregados com carteira assinada somou 32,8 milhões, uma redução de 483 mil pessoas em relação ao mesmo trimestre do ano passado, e de 351 mil pessoas ante o trimestre de dezembro a fevereiro deste ano. “Na comparação com maio do ano passado, o Brasil perdeu meio milhão de postos de trabalho com carteira assinada. Chega, de novo, ao menor índice registrado na pesquisa”, diz o IBGE.
Um dado bem diferente comemorado por Michel Temer no Twitter, ao anunciar os dados do Caged no mês passado. “Foram criados mais de 33 mil empregos formais no mês de maio no Brasil”, escreveu.
Além do Caged, do Ministério do Trabalho, estar com números discrepantes em relação ao IBGE, os números, mesmo quando positivos algumas vezes, são muito menores do que as perdas apontadas pelos estudos do IBGE.
A prova da precarização é o número de empregados sem carteira de trabalho assinada, que foi de 11,1 milhões, aumento de 597 mil pessoas em relação ao mesmo trimestre do ano passado e de 307 mil pessoas no confronto com o trimestre de dezembro a fevereiro. Ou seja, um aumento do trabalho precário, que implica também em redução na contribuição com a Previdência.
A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 104,1 milhões de pessoas, representando uma estabilidade em relação ao trimestre terminado em fevereiro.
A deterioração do mercado de trabalho é o reflexo da economia no fundo do poço, que desmente a farsa da recuperação apregoada por Michel Temer e parte da mídia.
Até mesmo analistas dos bancos estão revendo para baixo suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). O próprio Banco Central, no Relatório de Inflação de junho, baixou a variação do PIB para 2018 de 2,6% para 1,6%: “A projeção de crescimento do PIB para este ano é de 1,6%, abaixo da apresentada no Relatório de Inflação de março, refletindo retomada em ritmo mais lento do que o previamente esperado”.