O aumento do número de idosos na força de trabalho do país é mais um dos fenômenos da recessão. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua), o número de pessoas com idade superior a 60 anos “disponíveis” para o mercado de trabalho aumentou de 5,9% em 2012 – ano que marca o início da crise econômica durante o governo Dilma – para 7,2% este ano. São 7,5 milhões de idosos atualmente na força de trabalho, o que não significa necessariamente que estão ocupados já que o desemprego também vem crescendo.
De acordo com Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) este fenômeno tem tudo a ver com a crise econômica, já que a dificuldade financeira das famílias é um dos grandes motivos para os idosos voltarem a buscar emprego.
“Até pela crise, tem uma maior procura de trabalho pelos idosos, mesmo aposentados, dada a necessidade de aumentar a renda familiar”, explicou.
A Pnad estima que 63% desses idosos se declaram chefes de família, ou seja, que contribuem com a maior parcela da renda da família.
Números tabulados pela LCA Consultores com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam crescimento na superdependência de pensões e aposentadorias, especialmente entre os mais pobres.
De 2016 para 2018, o número de domicílios em que a renda de aposentados e pensionistas responde por mais de 75% da renda avançou 22% entre as famílias da classe E – que ganham até R$ 625 por mês. Considerando todas as classes, a alta foi de 12%.
Um levantamento realizado pela Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) mostra que atualmente (2018) apenas um terço dos aposentados recebe acima do miserável salário mínimo, o que também reflete em um aumento expressivo no número de idosos acima de 61 anos que estão inadimplentes com contas básicas – como energia, água e gás.
De acordo com o Serasa Experian, a inadimplência entre idosos foi a que mais cresceu no último ano: impressionantes 10% em julho sobre período correspondente de 2017, passando de 8 milhões para 8,8 milhões de pessoas ou 35,1% da população com mais de 61 anos.