“Na indústria, a despeito da continuidade da retomada de suas atividades, o emprego intensificou suas perdas, chegando a -13,4% em relação a jun-ago/19. Isto é, 1,6 milhão de ocupados a menos, representando 13,6% da queda da ocupação total no período”
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avalia que os dados mais recentes sobre o desemprego “não trazem sinais favoráveis” sobre a reação da atividade econômica do país. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua), divulgada na sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego do Brasil atingiu marca recorde no trimestre encerrado em agosto.
“A edição mais recente da PNAD contínua, que vai até o trimestre móvel findo em ago/20, indica uma taxa de desocupação de 14,4%, a pior taxa da série histórica”, destaca o Iedi em nota.
Setor industrial
O Iedi ressaltou que todos os setores apresentaram agravamento na queda dos níveis de ocupação. Contudo, os economistas destacam que na indústria “a despeito da continuidade da retomada de suas atividades, o emprego intensificou suas perdas, chegando a -13,4% em relação a jun-ago/19. Isto é, 1,6 milhão de ocupados a menos, representando 13,6% da queda da ocupação total no período”.
“Com o emprego ainda no vermelho, a massa real de rendimentos da população está menor do que no ano passado e não dá indicação de reversão de sua trajetória negativa”.
“Os dados divulgados pelo IBGE chamam atenção para outro fator: o elevado desemprego e o seu efeito sobre a massa de rendimentos, que é a base do consumo das famílias”, diz o Iedi. “Com o emprego ainda no vermelho, a massa real de rendimentos da população está menor do que no ano passado e não dá indicação de reversão de sua trajetória negativa. No trimestre findo em ago/20, considerados os rendimentos efetivamente recebidos, o declínio da massa chegou a -13,1% ante jun-ago/19”.
Além da alta taxa de desemprego, o Iedi nota que o aprofundamento da queda da população ocupada como um outro fator de “compressão do consumo”. Na comparação com o ano anterior, a ocupação caiu -12,8%.
“Mesmo o emprego com carteira assinada, que é menos vulnerável aos efeitos da pandemia e pôde se beneficiar de programas emergenciais do governo, não escapou de forte contração. Seu nível de queda dobrou entre mar-mai/20 (-6,4%) e jun-ago/20 (-12%). O trabalho sem carteira e o trabalho doméstico ainda são os casos mais graves: -25,8% e -27,5% ante jun-ago/19, respectivamente”, constata.
O Iedi alerta para os desafios que não são poucos para a recuperação da economia: “A segunda onda de contágio em algumas partes do mundo e do Brasil, a redução do valor do auxílio emergencial, a aceleração inflacionária e volatilidade cambial são alguns exemplos de obstáculos a serem superados para que o país volte a crescer”.