“Entregamos o governo em depressão. Não criamos a utopia”, disse o ex-senador
O ex-ministro da Educação do governo Lula e ex-senador pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque (Cidadania), lançou nesta semana um livro com o título em inglês “Como a Esquerda elegeu a Direita no Brasil”.
Em português o livro recebeu o título de “Por que falhamos – O Brasil de 1992 a 2018”. Na obra o autor analisa o que considera os erros do bloco progressista que levaram à eleição de Jair Bolsonaro.
“Entregamos o governo em depressão. Não criamos a utopia. A única utopia viável era o Brasil ser um dos melhores países do mundo em Educação e uma estratégia para que, em 20 ou 30 anos, os pobres tivessem uma escola tão boa quanto a dos mais ricos”, disse ele.
“A primeira coisa é aceitar que erramos. Podem não ser esses os erros, mas erramos. Se nós não tivéssemos errado, o presidente não era o Bolsonaro. Era alguém do PSDB, alguém do PT, do PSB, do PDT. Era alguém desse bloco”, avaliou Cristovam, que na entrevista de quinta-feira (16) disse ao jornal O Globo que os projetos do PT e PSDB eram parecidos e os dois partidos podiam ter se unido.
“PSDB e PT, entre outros partidos, não foram capazes de se unir em torno de um projeto de país e cedeu à corrupção”, afirmou o ex-senador.
“Aliás”, disse ele, “ um erro grave foi o de cair na corrupção”. “Quando eu digo ‘nós’, eu não digo todos. Eu não caí. Mas faço questão de colocar no mesmo bloco. Nós, como bloco, toleramos a corrupção, o aparelhamento do Estado, convivemos com as mordomias. Não acabamos com as mordomias, elas aumentaram. Temos que reconhecer que erramos e discutir quais os erros”, insistiu.
“Vejo a esquerda perplexa e não está acertando. Primeiro o PT ficou prisioneiro do ‘Lula Livre’; o PSDB, dividido completamente; e os outros tentam sobreviver. A falta de união, de um projeto e de autocrítica. E segundo é que ninguém aceita o “nós”. O PSDB, os tucanos me escrevem dizendo “nós não, foi o PT”. E os petistas dizem “foi você, que votou pelo impeachment” (da ex-presidente Dilma Rousseff).
Ninguém aceita formular uma proposta unificada. Claro, com divergências, mas que se tenha alguma unidade, se não o Bolsonaro vai continuar.”, alertou.
Ele defende uma unidade mais ampla para enfrentar Bolsonaro. “Concomitantemente, qual é a nossa proposta para o Brasil, sem se preocupar com sigla? Qual é a proposta do bloco que pensa que é preciso progredir democraticamente?”, indagou. “Qual a proposta das forças progressistas no Brasil hoje? Manter as conquistas nos costumes que Bolsonaro ameaça. E o que mais? Manter o Bolsa Família? Ele não só está mantendo como deu o 13º. Crescer a economia?”, prosseguiu Cristovam.