Após quase 78 horas do início do temporal que atingiu o Rio de Janeiro no começo da semana e matou 10 pessoas, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) decretou Estado de Calamidade Pública nesta quinta-feira (11). No início da semana, ele havia negado que decretaria qualquer estado de emergência por causa da chuva. A decisão foi publicada no Diário Oficial do município.
O temporal do início da semana deixou 10 mortos, sendo três no Morro da Babilônia, no Leme, uma na Gávea, três em Botafogo, duas em Santa Cruz e uma em Guaratiba. Além de deixar estragos e destruição por toda a cidade. Centenas de pessoas ficaram desabrigadas.
A decisão sobre o estado de calamidade foi um recuo na posição de Crivella, que anteriormente havia descartado a possibilidade pois, segundo ele, seria “preciso olhar para a frente”. “Se a gente ficar olhando para trás, não vamos resolver bulhufas. Hoje nós precisamos ter bom ânimo e enfrentar os problemas que não são só de agora”, disse Crivella na quarta-feira, após a visita ao Jardim Maravilha, na zona oeste do Rio.
O bairro até o hoje está debaixo d’água.
PENSAMENTOS
Marcelo Crivella continuou propagando sua filosofia de autoajuda enquanto os cariocas sofrem as consequências da tempestade e, principalmente, da falta de ação da Prefeitura. Em alguns bairros como o Jardim Botânico, algumas ruas e condomínios fechados ainda estão isolados por conta da destruição causada pelas chuvas.
Segundo o prefeito, a demora para a publicação do decreto ocorreu para que as “coisas fossem “bem pensadas”. “Às vezes a gente demora a tomar uma decisão para que ela seja bem pensada, ponderada. A pior coisa na vida é a gente ter pressa e depois se arrepender do que faz”, disse Crivella.
No dia anterior (terça-feira, 9), o prefeito chegou a responsabilizar a população do Rio de Janeiro pela crise ocorrida no início da semana. “Todos os cidadãos têm que se convencer que vivemos em uma cidade com árvores enormes, com encostas, com riscos de deslizamento. Não podemos construir casa em encosta”, afirmou Crivella, em entrevista à Rádio CBN. Que considerou ainda que se tais atitudes tivessem sido evitadas, “isso não estava acontecendo”.
Em seu decreto, Crivella autorizou o descontingenciamento de R$ 86 milhões para a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação e para a Rio Águas. Os recursos haviam sido cortados pela Prefeitura, que desde o início do ano, não gastou nem um centavo com obras para combate a enchentes.
A medida vale por 180 dias e autoriza, que a Prefeitura faça contratos emergenciais sem licitação e sem o crivo da Câmara dos Vereadores.
O decreto também indica que recursos advindos de processos da Operação Lava Jato sejam usados prioritariamente para as obras de reparo na cidade. No entanto, não há qualquer especificação sobre o tema.
Prefeito considera situação da cidade como “corriqueira”
Durante a entrevista coletiva sobre o decreto de calamidade, Marcelo Crivella se irritou com perguntas da repórter Larissa Schmidt e afirmou que a cobertura da Globo fez “drama” com coisas “corriqueiras”.
“É impressionante como a Rede Globo de Televisão é absolutamente contra a cidade do Rio de Janeiro. É a televisão que anuncia, o tempo todo, os problemas do Rio, que faz drama sobre coisas corriqueiras que acontecem nas nossas vidas desde que eu nasci aqui”, disse Crivella.
A repórter continuou indagando-o: “O senhor acha que o aconteceu foi um drama corriqueiro? Perdão, prefeito, o senhor acha que o que aconteceu, a pior chuva em 22 anos, foi um drama corriqueiro”?
Em seguida, Crivella vira de costas para a repórter e diz que só conversará com os outros jornalistas.
Como a repórter continua o questionamento, o prefeito a empurra e começa a discursar sobre a relação da emissora Globo com o carnaval carioca…