O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) negou ter recebido propina da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), dirigida pelo empresário Jacob Barata Filho.
As acusações contra Crivella foram feitas por Edimar Moreira Dantas, funcionário da empresa do doleiro Álvaro José Novis, operador do esquema de propina da Fetranspor, qua colabora com a justiça. Segundo ele, Crivella recebeu por meio do seu tesoureiro R$ 450 mil.
Edimar disse aos investigadores do Ministério Público Federal (MPF) que fez pagamentos a um intermediário do prefeito do Rio entre os anos de 2010 e 2012. Segundo Dantas, o dinheiro foi entregue a Mauro Macedo, tesoureiro de antigas campanhas de Crivella. Segundo ele, os repasses foram feitos pessoalmente num escritório na Candelária, centro do Rio, onde funcionou comitê de campanha de Crivella em 2010.
Não é a primeira vez que Crivella aparece nos autos do processo do esquema da máfia do transporte o Rio. Após a prisão de Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor e Jacob Barata Filho, dono de diversas empresas do setor, o esquema de propina que totalizou R$ 260 milhões, começou a ser desmontado.
Em agosto, Rodrigo Bethlem colaborador da campanha de Crivella em 2016, foi preso e foram apresentadas pelo MPF trocas de mensagens com Teixeira. Para os procuradores, o diálogo evidencia “a manutenção do esquema fraudulento no setor de transportes do Rio de Janeiro até os dias atuais”, em referência a Marcelo Crivella.
Em mensagem interceptada pelo MPF em dezembro do ano passado o Bethlen pediu a Teixeira que “tranquilizasse a turma” (se referindo à cúpula das empresas de ônibus), pois o esquema de propina seria mantido mesmo com a troca de prefeitos.
“O teor das mensagens revela fortes indícios da realização de acertos espúrios e, para a compreensão do seu alcance e gravidade, oportuno contextualizá-las em razão da data em que foram escritas e do seu remetente”, destacou o MPF.
O prefeito afirmou que no início do governo foi procurado por representantes da Federação, mas que se recusou a conceder reajustes e a receber propina.
“Não teria sentido dar reajuste depois que as empresas foram beneficiadas com redução de custos, devido a investimentos bilionários que a prefeitura fez em corredores de BRTs. Depois, a Justiça determinou que as tarifas fossem reduzidas duas vezes porque foram concedidas irregularmente”, disse o prefeito sobre reajustes da administração de Eduardo Paes.