Em meio à falência na Saúde e os arrestos determinados pela Justiça para pagar os terceirizados da área, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, determinou a suspensão de todos os pagamentos que seriam realizados pelo município.
A decisão afeta o pagamento da segunda parcela do 13º dos funcionários municipais que estava previsto para esta terça-feira, além de vários setores da administração municipal.
A medida decretando o congelamento do Tesouro foi publicada no Diário Oficial do Município, na segunda-feira.
“O objetivo é arrumar as contas”, disse o secretário municipal da Fazenda, César Barbiero, em entrevista ao jornal O Globo.
“Com isso, os pagamentos da segunda parcela do 13º salário de servidores e fornecedores estão suspensos”, completou o secretário.
Segundo o ex-deputado e ex-ministro do Trabalho Brizola Neto (PCdoB), pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, “há uma crise gravíssima nas contas da Prefeitura. Esta crise é mais grave do que nas outras capitais. A crise é geral, mas é agravada pela incompetência de Crivella, que já fez dois empréstimos, aumentou o IPTU e não consegue pagar os salários de servidores de áreas básicas como a Saúde Pública”.
Para o economista da faculdade Ibmec, Daniel Souza, a medida é extrema e configura um calote.
“Quando você suspende o funcionamento do Tesouro, você não paga ninguém, é calote estabelecido pela falta do fluxo de caixa por suspender as movimentações financeiras. Me parece uma medida extrema que a Prefeitura adota diante da delicada situação do município”, afirmou.
Crise na Saúde
Por conta do atraso de dois meses no pagamento dos terceirizados da Saúde, na semana passada a Justiça determinou arresto nas contas da Prefeitura que somam R$ 420 milhões, mas só encontrou R$ 223 milhões. Nesta terça-feira (17), um novo bloqueio, de R$ 164 milhões, foi decretado. Os funcionários da Saúde continuam em greve.
Além do não pagamento dos funcionários, a calamidade impera no sistema municipal de saúde, com péssimas condições nos hospitais, prontos socorros e Clínicas da Família, falta de insumos, de equipamentos médicos e medicamentos.
Diante do caos, o prefeito pediu ajuda ao Governo Federal, que prometeu repassar R$ 152 milhões. A primeira parcela, de R$ 76 milhões, deve ser paga na quarta (18).