A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) iniciou o 6º Congresso Nacional da entidade, na quinta-feira (7), em Salvador. O evento foi aberto com um Seminário Internacional, que reuniu, no Senai Cimatec, lideranças sindicais de 20 países, representando a maioria dos continentes.
Sob o tema “Os desafios da multipolaridade geopolítica e a classe trabalhadora”, as lideranças sindicais fizeram um chamado à unidade e à luta dos trabalhadores contra o imperialismo e em defesa da soberania nacional.
“Nosso país está sob um feroz cerco do imperialismo norte-americano. […] Há lideranças políticas que se comportam como vassalos e levantam a bandeira dos Estados Unidos, mas precisamos ser enfáticos: o Brasil é dos brasileiros!”, declarou o presidente da CTB, Adilson Araújo, ao abrir os trabalhos.
“É dever do movimento sindical classista dobrar o seu empenho e a aposta na luta em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora. É necessário radicalizar a luta por uma nova ordem geopolítica, ser enfático exercendo o papel protagonista na luta pela paz e solidariedade entre povos e nações”, prosseguiu Araújo.
O dirigente sindical ressaltou ainda que “é necessário todo o empenho para erradicar a fome, levantar a trincheira de luta e resistência, e denunciar o genocídio em Gaza”.
De acordo com Araújo, é preciso “radicalizar na defesa da soberania, da democracia e acreditar nos nossos sonhos, nos sonhos possíveis”, na luta em defesa de um mundo mais “humano e menos desigual”. “Não nos resta outro caminho que não seja a luta pelo socialismo, ideal maior da classe trabalhadora e única alternativa à barbárie para onde o capitalismo em crise arrasta”, concluiu.
Na saudação da Federação Sindical Mundial (FSM), o Secretário-Geral da entidade, Pambis Kyritsis, afirmou que “a trajetória e a atuação da CTB demonstraram que, com sua fundação, o movimento sindical classista no Brasil ganhou uma poderosa força motriz”. “Uma força que está e estará sempre presente em toda luta contra a exploração e a injustiça social”, exaltou.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, denunciou o “tarifaço” de Donald Trump sobre o Brasil. “Sabemos bem o papel nefasto que esse país imperialista historicamente desempenhou no mundo. […] A mentira é que o Brasil teria superávit na balança comercial com os Estados Unidos. […] Na verdade, o clã Bolsonaro cumpriu, sim, o papel de traidores da pátria”, disse.
Para o dirigente nacional da CTB e secretário-geral adjunto da FSM, Divanilton Pereira, destacou a diversidade internacional e a qualidade dos debates:
“Foi uma oportunidade em que a delegação brasileira recepcionou 40 representantes internacionais oriundos de 20 países e que, a partir das exposições e da experiência desses companheiros, contextualizaram e analisaram esse mundo tão tenso, tão perigoso, resultante dessa multipolaridade geopolítica, examinando as consequências desse quadro para a classe trabalhadora”.
Divanilton agradeceu à CTB e à Federação Sindical Mundial pelo êxito do seminário: “a CTB está de parabéns, em especial também a Federação Sindical Mundial, que de forma integrada conduziu esta exitosa conferência. Muito obrigado”, finalizou.
“Quero aqui dar boas-vindas a todos e todas com esse axé, com esse samba, com essa energia positiva que vem da nossa Bahia. Não podia ser diferente”, disse a anfitriã do evento, a presidenta da CTB-BA, Rosa de Souza, dando as boas-vindas aos participantes e referindo-se às atividades culturais que engrandeceram a abertura do Congresso, como a aprentação de grupos de samba, axé e do balé afro Malê Debalê, grande símbolo de resistência e identidade afro-brasileira na cultura de Salvador.
“Este 6º Congresso é, para mim, uma grande honra por estar sendo construído em nosso estado. […] É por isso que, apesar de todos os ataques à democracia, seguimos firmes na luta, porque este país está reagindo! Este Congresso é para dizermos, em alto e bom som: em 2026 é Lula de novo!”, disse Rosa de Souza.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB), que também prestigiou o evento, disse: “Infelizmente, a noite de ontem foi uma noite de terror. Extremistas bolsonaristas de direita ocuparam fisicamente a mesa do Congresso Nacional. […] Só nas ruas, nas greves, nas batalhas, é que garantiremos nossos direitos”.
O presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, ressaltou a importância da unidade sindical. “Não há espaço para vacilo nem divisão. A única resposta possível é a unidade das centrais sindicais brasileiras. […] Se somos dinossauros, somos aqueles que permanecem de pé, com a coluna vertebral intacta”, disse.
