
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) concluiu o seu 6º Congresso Nacional neste sábado (9), reconduzindo Adilson Araújo à presidência da entidade. “A nossa chapa unitária é a síntese de um esforço coletivo, fruto do caráter democrático e plural da nossa Central. Este é um mandato de transição, que inicia uma nova tarefa: construir uma nova composição e seguir lutando por um Brasil mais humano e menos desigual”, afirmou o presidente em seu discurso de encerramento.
Após três dias de debates, o congresso aprovou a Carta de Salvador e a Resolução Política da entidade, em que a Central rechaça a ingerência imperialista dos EUA em assuntos internos do país. “O Brasil enfrenta uma abjeta e descarada agressão imperialista dos EUA à sua soberania, em defesa de seu aliado, o golpista Jair Bolsonaro, e dos interesses escusos das big techs”, afirma. “É hora de uma ampla unidade democrática e popular para defender a soberania nacional, rechaçar as pressões imperialistas, denunciar e desmascarar os traidores da pátria, procurando isolar a extrema direita bolsonarista”.

PROTEÇÃO ÀS EMPRESAS E AOS EMPREGOS
A entidade ressalta que a resposta do governo diante das investidas de Trump foi contundente e pode ser ainda favorável ao país no aspecto econômico, “com medidas de apoio às empresas afetadas, protegendo o emprego e a renda dos trabalhadores e trabalhadoras, procurando novos mercados para as exportações afetadas, reforçando nossos laços com a China e o Brics e também fortalecendo o mercado interno, que pode absorver parte significativa dos produtos destinados aos EUA com a redução dos preços”. “Um efeito reverso do tarifaço que já está se verificando no caso de frutas e proteínas, o que alivia o bolso dos mais pobres e reduz a pressão inflacionária”, afirma.
“Entre outras medidas que podem e devem ser tomadas neste sentido cabe destacar a taxação das remessas de lucros e dividendos das multinacionais e a imposição de impostos e rigorosa regulamentação das big techs, que – sob o comando de bilionários reacionários e o pretexto da liberdade de expressão – transformaram a internet num refúgio da extrema direita e plataforma para criminosos e golpistas de todos tipos”.
CRESCIMENTO X JUROS
A CTB afirma que o país vem apresentando números positivos no crescimento do PIB e nos níveis de emprego, destacando que no segundo trimestre desse ano “o Brasil bateu o recorde de pessoas ocupadas, com mais de 103,3 milhões na média do ano passado, e registrou a maior massa de rendimentos reais da série histórica, o que alavancou o consumo das famílias, que avançou 4,5%”. No entanto, diz, “é necessário ressalvar que a qualidade dos postos de trabalho e o valor dos salários ainda deixam muito a desejar e é expressivo o contingente de brasileiros e brasileiras que trabalham na informalidade (cerca de 40 milhões), com baixos salários e sem proteções”.
Para a entidade, “a possibilidade de crescimento mais vigoroso da economia e do bem estar social encontra um forte obstáculo na política macroeconômica, com destaque para as políticas monetária e fiscal, a primeira fundada nos juros reais mais altos do mundo e a segunda em metas fiscais restritivas, ditadas pelos grandes credores da dívida pública, que se desdobram em cortes de investimentos e programas públicos fundamentais. É preciso remover esses dois obstáculos, fatores de depressão da demanda agregada, para que a economia nacional avance”.
“As centrais sindicais têm protestado contra os juros altos, organizando manifestações diante da sede e representações do Banco Central no país. É uma mobilização essencial que precisa ser ampliada e envolver uma parcela maior da sociedade, incluindo empresários extorquidos com os juros altos, para alterar os rumos da política monetária”.
FORTALECIMENTO SINDICAL
A Central conclui convocando também a um amplo debate que enfrente os ataques contra a organização dos trabalhadores, com medidas como o fim da contribuição sindical, em especial neste momento que exige um movimento sindical fortalecido e unificado “tendo em vista a radicalização das lutas de classes e a imperiosa necessidade de enfrentar e derrotar a ofensiva do capital e do imperialismo e as forças do neofascismo”.
“O 6º Congresso da CTB reitera o compromisso histórico de lutar pela democracia, pela paz mundial, pela soberania nacional e pelo socialismo, ideal maior da classe trabalhadora e única alternativa à barbárie capitalista”, conclui a entidade.