A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Rio Grande do Sul (CTB-RS) levou ao Ministério Público do Trabalho (MPT-RS) denúncia de demissões em massa na Companhia Carris Porto-Alegrense, uma das empresas operadoras do transporte coletivo de Porto Alegre. As demissões começaram a ocorrer logo após o processo de privatização da empresa, em outubro de 2023.
“Após a privatização, a Carris demitiu quase 100 trabalhadores de uma vez só em fevereiro, incluindo motoristas. E logo em seguida abriu edital para novas contratações, novos funcionários que são obrigados a aceitar a função dupla de dirigir e cobrar. Está claro para nós que está tendo demissões em massa”, afirmou Eder Pereira da Silva, presidente da CTB-RS, em declaração ao HP.
“Depois que saiu o edital de privatização, a licitação previa a manutenção de 718 funcionários mínimos na Carris. Cerca de 1.800 ainda estavam vinculados à empresa. O fato é que transcorreu o processo da licitação e não ficou claro para os trabalhadores qual seria a forma de dispensa desses funcionários. E o pior é que o sindicato aqui da categoria está sendo omisso a essas reivindicações e conivente com as demissões”, ressaltou Eder.
De acordo com a delegada sindical Rosangela Machado, foi protocolado no sindicato, no dia 6 de fevereiro, requerimento solicitando providências contra as demissões em massa, “mas o sindicato profissional não adotou providências para esta situação que ao nosso ver é de irregularidade nas demissões coletivas”, disse. “Por isso a CTB fez essa ação no MPT, onde foi aberta a mediação. A empresa negou a intenção de seguir com a negociação, mas vamos aqui continuar nessa luta para defender esses trabalhadores”, completou Eder.
Durante a audiência, o advogado Oscar Plentz, que acompanhou o presidente da central e os delegados sindicais da empresa, relatou que as demissões coletivas ocorreram após mediação no TRT, logo depois da finalização do processo de privatização, e que não havia nenhuma linha no edital que autorizasse demissões em massa. O advogado explicou ainda que as propostas feitas nas mediações foram rejeitadas pela categoria por serem altamente danosas aos trabalhadores, e destacou a falta de transparência nos critérios adotados para as demissões em massa.