Cuba denuncia “cerco militar rasteiro à Rússia” via “expansão da Otan”

Prédio de Belgrado atingido por bombas da Otan, no bombardeio lembrado pelo documento cubano (Arquivo)

“As movimentações militares dos Estados Unidos e da OTAN nos últimos meses em regiões adjacentes à Rússia, precedidas pela entrega de armas modernas à Ucrânia, são bem conhecidas e equivalem a um cerco militar rasteiro”, afirma a Declaração do Governo Revolucionário de Cuba sobre a situação na Ucrânia.

“A determinação dos EUA em continuar a expansão progressiva da OTAN em direção às fronteiras da Federação Russa”, prossegue o texto cubano, “levou a um cenário com implicações de longo alcance e imprevisíveis que poderiam ter sido evitadas”.

O título da declaração de Cuba – que deixa clara a responsabilidade central de Washington no conflito – aponta para sua proposta de avanço rumo à saída: “Cuba pede uma solução que garanta a segurança e a soberania de todos”.   

 “Defendemos uma solução diplomática séria, construtiva e realista para a crise atual na Europa, por meios pacíficos, que garanta a segurança e a soberania de todos, assim como a paz, a estabilidade e a segurança regionais e internacionais”, assinala.

“O projeto de resolução sobre a situação na Ucrânia não adotado no Conselho de Segurança em 25 de fevereiro, que será apresentado à Assembleia Geral da ONU, não foi concebido como uma contribuição real para encontrar soluções para a crise atual”, afirma, criticando a proposta que convoca a sessão especial de emergência que se reúne nestes dias em Nova York.

O documento sublinha que “Cuba rejeita a hipocrisia e os dois pesos e duas medidas.”, pois “deve-se lembrar que em 1999 os Estados Unidos e a OTAN lançaram uma grande agressão contra a Iugoslávia, um país europeu que eles fragmentaram, com grande custo de vidas, na busca de seus objetivos geopolíticos, ignorando a Carta das Nações Unidas”.

“Os Estados Unidos e alguns aliados têm usado a força em várias ocasiões. Invadiram Estados soberanos para provocar mudanças de regime e intervir nos assuntos internos de outras nações que não se curvam aos seus interesses de dominação e defendem sua integridade territorial e independência”, denuncia Cuba.

“Eles também são responsáveis pela morte de centenas de milhares de civis, que eles chamam de «danos colaterais»; por milhões de pessoas deslocadas e por uma vasta destruição em toda a geografia de nosso planeta como resultado de suas guerras predatórias”, condena.

A seguir, a Declaração do Governo Revolucionário de Cuba na íntegra:

 

Cuba pede uma solução que garanta a segurança e a soberania de todos

Declaração do Governo Revolucionário  

A determinação dos EUA em continuar a expansão progressiva da OTAN em direção às fronteiras da Federação Russa levou a um cenário com implicações de longo alcance e imprevisíveis que poderiam ter sido evitadas.

As movimentações militares dos Estados Unidos e da OTAN nos últimos meses em regiões adjacentes à Rússia, precedidas pela entrega de armas modernas à Ucrânia, são bem conhecidas e equivalem a um cerco militar rasteiro.

Não é possível examinar a situação atual na Ucrânia com rigor e honestidade sem avaliar cuidadosamente as justas reivindicações da Federação Russa contra os Estados Unidos e a OTAN e os fatores que levaram ao uso da força e à não observância dos princípios legais e das normas internacionais que Cuba subscreve e apoia com todo vigor e que são uma referência essencial, particularmente para os países pequenos, contra o hegemonismo, os abusos de poder e a injustiça.

Cuba é uma defensora do direito internacional e comprometida com a Carta das Nações Unidas, que sempre defenderá a paz e se oporá ao uso ou ameaça de força contra qualquer Estado.

Lamentamos profundamente a perda de vidas inocentes de civis na Ucrânia. O povo cubano teve e continua tendo uma relação íntima com o povo ucraniano.

A história responsabilizará a Administração dos EUA pelas consequências de uma doutrina militar cada vez mais ofensiva fora das fronteiras, por parte da Otan, que ameaça a paz, a segurança e a estabilidade internacionais.

Nossas preocupações são reforçadas pela recente decisão da Otan de ativar, pela primeira vez, a Força de Resposta dessa aliança militar.

Foi um erro ignorar durante décadas os bem fundamentados apelos da Rússia por garantias de segurança e assumir que a Rússia permaneceria indefesa diante de uma ameaça direta à sua segurança nacional. A Rússia tem o direito de se defender. A paz não pode ser obtida cercando e encurralando os Estados.

O projeto de resolução sobre a situação na Ucrânia não adotado no Conselho de Segurança em 25 de fevereiro, que será apresentado à Assembleia Geral, não foi concebido como uma contribuição real para encontrar soluções para a crise atual.

Pelo contrário, é um texto desequilibrado, que não leva em conta as legítimas preocupações de todas as partes envolvidas. Tampouco reconhece a responsabilidade daqueles que instigaram ou implantaram ações agressivas que precipitaram a escalada deste conflito.

Defendemos uma solução diplomática séria, construtiva e realista para a crise atual na Europa, por meios pacíficos, que garanta a segurança e a soberania de todos, assim como a paz, a estabilidade e a segurança regionais e internacionais.

Cuba rejeita a hipocrisia e os dois pesos e duas medidas. Deve-se lembrar que em 1999 os Estados Unidos e a OTAN lançaram uma grande agressão contra a Iugoslávia, um país europeu que eles fragmentaram, com grande custo de vida, na busca de seus objetivos geopolíticos, ignorando a Carta das Nações Unidas.

Os Estados Unidos e alguns aliados têm usado a força em várias ocasiões. Eles invadiram Estados soberanos para provocar mudanças de regime e intervir nos assuntos internos de outras nações que não se curvam aos seus interesses de dominação e defendem sua integridade territorial e independência.

Eles também são responsáveis pela morte de centenas de milhares de civis, que eles chamam de «danos colaterais»; por milhões de pessoas deslocadas e por uma vasta destruição em toda a geografia de nosso planeta como resultado de suas guerras predatórias.

Havana, 26 de fevereiro de 2022

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