O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou em seu pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas que, nos últimos meses, os Estados Unidos radicalizaram a aplicação de medidas criminosas, não convencionais, para impedir o abastecimento de combustível ao país a partir de diversos países.
Nessas ações, assinalou Rodríguez, Washington recorre à ameaça e perseguição das empresas que transportam o combustível e empresas de seguros, além dos governos que o fornecem.
“Como resultado, temos encarado severas dificuldades para garantir o combustível requerido para a atividade cotidiana do país”, expressou, afirmando que esta situação obrigou Cuba a adotar medidas temporárias de emergência, “só possíveis em um país organizado, com um povo unido e solidário, disposto a defender-se da agressão estrangeira e a preservar a justiça social alcançada”.
O ministro expressou que, no último ano, o governo de Trump aumentou qualitativamente suas ações de hostilidade e bloqueio contra Cuba. “Impôs barreiras adicionais ao comércio exterior e aumentou a pressão contra nossas relações bancário-financeiras com o resto do mundo”, manifestou.
O chanceler cubano observou que o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto há quase 60 anos continua sendo o principal obstáculo para o desenvolvimento do país caribenho, e assinalou que a ilegal Lei Helms-Burton, de 1996, cujo Título III Washington decidiu ativar este ano, “guia a conduta agressiva dos Estados Unidos contra Cuba”.
Rodríguez disse que a administração de Donald Trump, como pretexto para suas ações criminosas, culpa Cuba pelo fracasso de seu plano de derrocar pela força o governo venezuelano, ao mesmo tempo em que ataca os programas de cooperação médica internacional que o país compartilha com dezenas de países em desenvolvimento, inclusive com o fazia com o Brasil, até há poucas semanas atrás quando Bolsonaro resolveu substituir o exitoso programa por outro chamado Médicos pelo Brasil que ainda não saiu do papel.
Mas, assegurou que o governo presidido por Miguel Díaz-Canel não vai se dobrar: “A agressão econômica, por muito dura que seja, as ameaças e chantagens, não nos arrancarão nem uma só concessão”.
Bruno Rodríguez ponderou que inclusive nas atuais circunstâncias Cuba não renuncia à vontade de desenvolver uma relação civilizada com os Estados Unidos, baseada no respeito mútuo e no reconhecimento das profundas diferenças.
Mas não é bem isso que o governo Trump pretende. Na semana passada, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou a proibição de viagens do ex-presidente cubano Raúl Castro e sua família acusando-o de ‘violações dos direitos humanos’, dizendo que não lhe seria permitido entrar nos Estados Unidos. Pompeo assinalou que a proibição foi uma resposta aos “abusos graves em Cuba”, com a detenção de mais de “100 prisioneiros políticos”. Sem muitas outras explicações.
E, como se tivesse autoridade para decidir o que o governo cubano faz ou deixa de fazer, ainda recriminou Havana por trabalhar junto com o presidente venezuelano, Nicolas Maduro. “Castro não é mais presidente de Cuba, mas permanece no topo da lista cubana do Partido Comunista”, registrou.
O ministro Bruno Rodriguez, um uma reunião de líderes mundiais no sábado, 28, na ONU, disse que “Cuba criticou o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, por sua baixeza e apodrecimento. Esta é uma ação desprovida de qualquer efeito prático e destinada a ofender a dignidade de Cuba e os sentimentos de nosso povo”.