
Margareth Buzetti criticou duramente atuação do deputado, classificando-a como prejudicial ao País e ao próprio pai
A senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) atribuiu ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) parte da responsabilidade pelas medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
Eduardo está autoexilado nos Estados Unidos desde fevereiro. Ele estava de licença do mandato parlamentar, que se encerrou no último domingo (20). Agora, os colegas de bancada na Câmara estão às voltas para ver como resolvem essa barafunda criada pelo filho “03”.
Em entrevista a jornalistas, nesta terça-feira (22), a senadora criticou duramente a atuação do parlamentar nos Estados Unidos, classificando-a como prejudicial ao País e ao próprio pai. “É um abuso o que o Eduardo Bolsonaro está fazendo nos Estados Unidos com o País e com o pai dele. A culpa de o Bolsonaro estar de tornozeleira [eletrônica] é desse moleque”, disparou a senadora, sem poupar palavras.
MEDIDAS CAUTELARES
A declaração da senadora ocorre dias após o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizar nova operação da PF (Polícia Federal) contra o ex-presidente. Além da apreensão de bens, a Corte determinou a instalação de tornozeleira eletrônica como medida cautelar. As restrições também incluem recolhimento domiciliar noturno e a proibição de o ex-presidente manter contato com embaixadores e diplomatas, além de restringir o uso de redes sociais.
Durante a entrevista, Margareth também questionou a mudança de discurso de Eduardo em relação à tarifa de 50% a ser aplicada pelos Estados Unidos a produtos importados do Brasil a partir do dia 1º de agosto. Segundo ela, o próprio deputado havia admitido, em vídeos anteriores, que havia negociações em curso e que haveria taxação. “O que adianta mudar agora? Está gravado”, rebateu.
“LOBBY” DE EDUARDO
No início do mês, Trump anunciou que iria aplicar a tarifa de 50% em razão do tratamento dado pelo governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo carta do presidente dos Estados Unidos ao presidente Lula (PT), o tarifaço vai entrar em vigor a partir de 1º de agosto. Inicialmente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, disse que a medida de Trump era resultado do “lobby que ele realiza desde o início do ano” com autoridades norte-americanas para pressionar o governo brasileiro.
Mais recentemente, Eduardo vem mudando o tom e tem negado, agora, que trabalhou pelo tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos. Agora, o parlamentar afirma que sempre trabalhou “por sanções individuais” contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, Trump teria optado por conta própria pelo “tarifaço”.
MODO TIRANDO O CORPO FORA
“Não era o meu desejo, tá? Sempre trabalhei para sanções individuais no Alexandre de Moraes, mas, né, o presidente Trump, dentre as alternativas dele, escolheu essa [tarifaço]”, disse Eduardo Bolsonaro em entrevista ao podcast Inteligência Ltda, transmitida na última segunda-feira (21).
E acrescentou: “Depois, caso isso daí não surtisse efeito, seguir adiante em todas as demais autoridades que dão suporte para esse regime, porque ele não age sozinho, ele age com o amparo de outras autoridades brasileiras.”
Esta prática é bem característica de Bolsonaro e dos bolsonaristas. Depois de a bobagem feita, tentam escapar, com mentiras e tentativas de imputar responsabilidade aos outros.
Após o “tarifaço”, o governo dos Estados Unidos também informou que abriu investigação comercial contra o Brasil. A apuração vai avaliar atos, políticas ou práticas do governo brasileiro relacionados ao comércio digital e pagamentos eletrônicos, temas relacionados diretamente às gigantes de tecnologia dos EUA.