General confessou que seria necessário usar o comandante Freire Gomes – que barrou o golpe – na traição golpista e, “não o sendo, vai ser fora das quatro linhas mesmo”
O general Laércio Vergílio, da reserva do Exército, defendeu em depoimento à Polícia Federal que um decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro para prender o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seria constitucional e “necessária”.
O general da reserva disse que a prisão de Alexandre de Moraes “seria necessária para a volta da normalidade institucional e harmonia entre os poderes”.
Essa “argumentação” estava presente nas minutas de decreto que Jair Bolsonaro produziu com seus assessores para instalar uma ditadura.
Laércio Vergílio disse que não fazia parte da discussão operacional do golpe, mas que deu aos seus colegas a sua opinião favorável à prisão de Alexandre de Moraes.
Segundo ele, “não se tratava de golpe de Estado” porque Bolsonaro ainda estaria na Presidência e tinha o direito de assinar decretos. Vergílio falou, ainda, que baseava sua opinião na análise do jurista Ives Gandra Martins.
A Polícia Federal obteve áudios do general enviados ao ex-major Ailton Barros nos quais defendia que o então comandante do Exército, Freire Gomes, fosse pressionado para aderir ao golpe. Ailton Barros era interlocutor e tinha livre acesso ao Palácio do Planalto.
O general defendeu “continuar pressionando o Freire Gomes para que ele faça o que ele tem que fazer (…). se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro (…). De preferência o Freire Gomes. Aí será tudo dentro das quatro linhas. Não o sendo, vai ser fora das quatro linhas mesmo”.
“Nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes”, opinou o militar da reserva.