
Além de Mário Fernandes, serão julgados também mais cinco operadores da tentativa de golpe contra o país
Os ministros da Primeira Turma Supremo Tribunal Federal (STF) vão julgar, nesta terça e quarta-feira (22 e 23), a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o “núcleo 2” da tentativa de golpe de estado.
Entre os denunciados estão assessores de Jair Bolsonaro, o general Mário Fernandes e outros membros do antigo governo.
Segundo a PGR, eles cometeram os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio público.
A Primeira Turma já julgou e aceitou a denúncia contra o “núcleo crucial” da tentativa de golpe, dentro do qual estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros e aliados mais próximos.
No julgamento, a Corte vai ouvir as defesas e a argumentação da PGR para, depois, decidir sobre a denúncia. No caso do “núcleo crucial”, todos os denunciados viraram réus.
O “núcleo 2” é composto por:
General Mário Fernandes, autor do plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes;
Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro que foi responsável por redigir o decreto que anularia as eleições e instalaria uma ditadura;
Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro que auxiliou o ex-presidente no monitoramento de adversários e de ministros do STF;
Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que utilizou a corporação para tentar interferir nas eleições ao barrar eleitores de Lula;
Marília Ferreira de Alencar, ex-secretária de Inteligência do Ministério da Justiça, que mapeou as regiões com mais votos de Lula no 1º turno para localizar as ações realizadas pela PRF no 2º turno;
Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça que trabalhou com Marília no plano de atrapalhar o pleito em locais de maior vantagem de Lula.
Já a Primeira Turma tem como membros os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Ao longo da investigação, a Polícia Federal colheu provas contra os denunciados.
Foi comprovado, por exemplo, que o general Mário Fernandes foi quem produziu e imprimiu, a fim de mostrar para os comparsas, os planos de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Mário Fernandes também atuou com o grupo criminoso para atacar as urnas eletrônicas.
Filipe Martins, enquanto assessor direto de Jair Bolsonaro, foi quem ajudou o ex-presidente a escrever o decreto que instalaria uma ditadura no país. O ex-ajudante de ordens Mauro Cid contou em sua colaboração premiada que Filipe se comunicou com Bolsonaro para fazer as alterações no texto exigidas pelo chefe da quadrilha.
Marcelo Câmara, que também era assessor de Jair, ajudou o grupo no monitoramento de autoridades que seriam atacadas quando do golpe de Estado. É o caso do ministro Alexandre de Moraes. Ele também esteve com Mário Fernandes em tratativas acerca dos ataques contra as urnas eletrônicas, como quando estiveram com o hacker Walter Delgatti para pedir um “código malicioso” contra as urnas.
Já Silvinei Vasques, Marília Alencar e Fernando de Souza Oliveira agiram para atrapalhar o segundo turno das eleições presidenciais com uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em locais onde Lula obteve grande vantagem no primeiro turno.
O chefe deles, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, já teve sua denúncia aceita pelo Supremo.