Em outubro, Porto Alegre foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 768,82), seguida por São Paulo (R$ 762,20). O menor valor foi registrado em Aracaju (R$ 515,51)
O preço da cesta básica subiu em 12 de 17 capitais em outubro e já custa mais de dois terços do salário mínimo em boa parte do país. Segundo o levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), o conjunto de produtos que compõem a cesta básica continua sofrendo a pressão inflacionária, legado do governo de Jair Bolsonaro, e atingiu R$ 768,82 em Porto Alegre – cidade que registrou a cesta mais cara em outubro. O aumento na capital gaúcha de setembro para outubro foi de 3,34% e, no acumulado de 12 meses, de 11,25%.
Em seguida, está São Paulo, onde o conjunto de produtos alcançou R$ 762,20 em outubro – uma variação de +1,53% no mês e de 9,56% em 12 meses. Seguindo o ranking, Florianópolis (R$ 753,82), Rio de Janeiro (R$ 736,28) e Campo Grande (R$ 733,65) foram outras capitais que registraram as cestas mais caras do país.
A deflação tão propagada por Bolsonaro para tentar ganhar as eleições não durou mais do que dois meses. A prévia da inflação de outubro registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado em 25 de outubro, foi de 0,16%. Entre outros aumentos, subiram os preços com despesas com saúde, higiene pessoal e vestuário. No ano, o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, acumula alta de 4,80% e, em 12 meses, de 6,85%. O grupo Alimentação e bebidas, que havia recuado em setembro, apresentou alta de 0,21% em outubro. No ano, acumula aumento de 10,60% e, em 12 meses, de 11,43%,
Na pesquisa do Dieese, a batata, o tomate e o pão francês tiveram os percentuais de aumento mais expressivos no mês, contribuindo para o encarecimento da cesta básica e do custo de vida da população.
“Com base na cesta mais cara, que, em outubro, foi a de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima que o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.458,86, ou 5,33 vezes o mínimo de R$ 1.212,00”, informa a publicação do Departamento, divulgada nesta segunda-feira (7).
A comparação dos valores da cesta, entre outubro de 2022 e outubro de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações entre 5,48% (Vitória) e 15,38% (Salvador). Em 2022, o custo da cesta básica apresentou aumento em todas as cidades, com destaque para as variações acumuladas em Campo Grande (14,39%), Goiânia (13,15%), Porto Alegre (12,58%), Brasília (12,47%) e Curitiba (10,80%). O menor percentual foi observado em Recife (4,89%).
O levantamento do Dieese ainda informa que, quando comparado o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, depois de descontados os 7,5% da Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, 58,78% de sua renda com alimentos básicos, mais do que em setembro (58,10%).
Além do desemprego elevado, precarização no trabalho e a carestia no preço dos alimentos, que levou famílias às caçambas nos supermercados e às filas por ossinhos e pelancas, Bolsonaro impôs quatro anos de arrocho, sem reajuste real no salário mínimo, penalizando os brasileiros que mais precisam.