Indicador cai no segundo trimestre, mas está 31,3% acima do nível pré-pandemia. Contexto ainda é de maior restrição na concessão de crédito e menor procura diante das taxas elevadas, diz a entidade
O custo da produção industrial recuou 5,1% no segundo trimestre ante o primeiro, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Diante deste resultado, o Indicador de Custos Industriais (ICI) da CNI caiu 4,6% no período analisado.
A entidade também apontou que o custo de capital cedeu no segundo trimestre. O recuo de 6,3% no índice reflete as “restrições nas concessões ou de uma menor demanda por crédito, evidenciada por uma redução nas concessões de crédito com recursos livres para capital de giro das pessoas jurídicas no período, de 3,4%”.
De acordo com a CNI, apesar da queda, o indicador dos custos industriais ainda está em patamar elevado, 31,3% acima do período pré-pandemia.
“A queda de custos sinaliza uma menor pressão nos preços de insumos e energia. É positivo que a maioria dos indicadores tenham melhorado na comparação com o trimestre passado, mas os custos industriais ainda estão em patamar bem elevado, o que prejudica a competitividade da indústria, tanto no mercado doméstico como no internacional”, disse a economista da CNI, Paula Verlangeiro, ao divulgar a pesquisa na semana passada.
Além disso, de acordo com a CNI, “houve também uma pequena queda na taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres para pessoa jurídica, na comparação do segundo com o primeiro trimestre do ano. Apesar da queda do custo com capital, ressalta-se que, no período analisado, a taxa básica de juros, Selic, ainda se encontrava em patamar elevado, de 13,75%. Dado o cenário de juros elevados, também houve registro de aumento da inadimplência das empresas”.
No que se refere a oferta de crédito, “o contexto ainda é de maior restrição na concessão de crédito e menor procura diante das taxas elevadas. A taxa média de juros para capital de giro, usada no indicador de capital, apresentou leve queda na passagem do primeiro para o segundo trimestre”, comentou a economista.
Diante do cenário de restrição de crédito e baixa demanda por consumo de bens no país, a indústria de transformação deve encerrar este ano com uma queda de 0,5% na produção da indústria, segundo estimativas da CNI.
“A indústria de transformação tem sido pressionada pela política monetária contracionista [do Banco Central], pelo ambiente de crédito restritivo e pelo enfraquecimento da demanda”, ressaltou o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, no “Informe Conjuntural” da entidade. Ele destaque que “a indústria da transformação responde por 58% do PIB industrial e tem maior capacidade de alavancar o PIB do que os demais setores da economia”.
Para o PIB brasileiro, a CNI prevê um crescimento de 3,3% este ano. Apesar da estimativa positiva, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu 1,4 ponto este mês. Na passagem de setembro para outubro, o ICEI recuou dos 51,9 pontos para 50,5 pontos. A entidade consultou 1.323 empresas de pequeno, médio e grande portes, entre 2 e 6 deste mês.
Essa foi a segunda queda mensal consecutiva do índice, que perdeu 2,7 pontos nos últimos dois meses. Apesar disto, a CNI considera que a indústria segue confiante, já que o indicador ainda permanece acima da linha divisória dos 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança.