“Os dados do Conselho Federal de Economia (Cofecon), que acabo de receber, sobre a desigualdade social e a concentração de renda, são estarrecedores”, afirmou João Goulart Filho, candidato a presidente da República pelo Partido Pátria Livre (PPL). “É inviável que o país consiga se desenvolver e resolver seus problemas sociais quando apenas seis brasileiros possuem a mesma riqueza que a soma do que possui a metade mais pobre da população, de mais de 100 milhões de pessoas, conforme mostra o levantamento”, denunciou Jango. Segundo o estudo, 50% da população mais pobre possuem apenas 3% da riqueza total do país.
Para João Goulart, a renda concentrada nas mãos de poucos, não vai para a atividade econômica. Essa ínfima minoria de brasileiros joga os recursos concentrados em suas mãos na especulação financeira ou mandam o dinheiro para o exterior”. Para confirmar o que disse, Goulart citou dados oficiais, divulgados recentemente pelo Banco Central, dando conta que sessenta mil brasileiros têm R$ 2 trilhões aplicados no exterior. “Isso em contar o que está ilegalmente lá fora”, lembrou o presidenciável.
Entre 140 países analisados no estudo dos economistas, o Brasil é o décimo país mais desigual do mundo, segundo Relatório de Desenvolvimento do Pnud. O país tem o 3º pior índice de Gini (indicador de desigualdade social) na América Latina e Caribe, atrás somente da Colômbia e de Honduras. João Goulart alerta que isso não é só “injusto e desumano”. “Esse quadro social’, diz ele, “estrangula o mercado interno e impede o desenvolvimento econômico do país”. “A miséria é tanta que não tem quem compre os produtos e as fábricas estão fechando suas portas”, alertou.
Segundo ainda o relatório, que o Fórum Nacional pela Redução da Desigualdade Social está divulgando, 80% da população brasileira vive com uma renda per capita inferior a dois salários mínimos mensais. João Goulart lembrou que o Salário Mínimo no Brasil é um dos menores do mundo. É metade do de Portugal e Grécia; um terço da Coreia e Japão; um quarto dos Estados Unidos e França, um quinto da Alemanha. É menor que o da Argentina, Uruguai, Colômbia, Perú, Panamá. Menor que o do Paraguai. Enquanto isso os maiores bancos privados no Brasil batem recordes de lucro e apresentam o dobro da rentabilidade do JP Morgan, o triplo do Bank of America, o quádruplo do HSBC, o quíntuplo do francês PNB Paribas e do japonês Mitsubishi UFJ Financial Group. “O povo brasileiro está sendo escravizado pelo sistema financeiro”, completou o candidato. “E o escândalo maior”, observou João Goulart Filho, “é que no meio dessa crise toda, os bancos estejam batendo recordes de lucro”.
“Temos que reverter essa situação. Sei que os demais candidatos, Ciro, Marina e Haddad, não estão entrando nesse assunto da forma mais consistente. Todos eles estão admitindo mudanças que o neoliberalismo quer para a Previdência e que vão agravar ainda mais a desigualdade social”, apontou o candidato do PPL. “O sistema de capitalização, que é o que eles estão defendendo, é um golpe mortal na Previdência pública e solidária. Na verdade, ela significa redução das aposentadorias e a privatização da Previdência Social. A mesma privatização que a população já rechaçou”, salientou o presidenciável.
“Não tenho dúvida de que o enfrentamento desse problema está na ordem do dia. Elevar o poder de compra do salário mínimo é único caminho para superar essa desigualdade feroz e fazer o país crescer novamente. Seja eu, ou quem quer que seja, que assumir a Presidência, terá que tomar essa decisão, o mais urgente possível. O país está entrando num estado de calamidade”, denunciou. “Estamos oscilando no fundo do poço, enquanto nossas empresas estão sendo destruídas e os trabalhadores sendo jogados no olho da rua”, prosseguiu Goulart.
SÉRGIO CRUZ