De olho nas áreas excedentes na chamada Cessão Onerosa da Petrobrás no pré-sal, o presidente mundial da Shell, Ben van Beurden, se encontrou na quarta-feira (8) com Bolsonaro para expressar a “confiança e comprometimento” da multinacional anglo-holandesa nos planos do governo de repassar as reservas brasileiras ao cartel internacional do petróleo.
Ben van Beurden estava acompanhado do presidente da Shell no Brasil, André Araujo, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ele declarou que vê o leilão dos excedentes da Cessão Onerosa, previsto para 28 de outubro deste ano, como um “atrativo”, visto que as reservas já estão aprovadas e em produção. Ou seja, já está tudo pronto para começar a lucrar.
A Shell abocanhou junto com a francesa Total 40% do megacampo de Libra, a maior descoberta da Petrobrás no pré-sal, no primeiro leilão, ainda no governo Dilma. Hoje a petroleira explora o Parque das Conchas e Bijupirá-Salema (Bacia de Campos) e integra o consórcio da Petrobrás nos campos de Lula e Sapinhoá no pré-sal.
Em abril, o governo Bolsonaro anunciou que pretende vender 21 bilhões de barris de petróleo das áreas de Atapu, Búzios, Itapu e Sépia, da Cessão Onerosa da Petrobrás.
De acordo com o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, o governo está cometendo um crime gravíssimo contra o patrimônio brasileiro ao pretender entregar reservas de petróleo ao capital estrangeiro por um preço de “banana”.
“O governo pretende leiloar quase 21 bilhões de barris descobertos pela própria estatal, às custas de arrecadar no máximo R$ 100 bilhões a título de bônus. Esses 21 bilhões de barris, ao custo de US$ 65 o barril, e com um custo total de produção por barril de US$ 25, renderá cerca de US$ 800 bilhões a quem se apoderar do petróleo, ou seja, ao câmbio de hoje, o lucro das multinacionais com a comercialização deste produto poderá chegar a R$ 3,2 trilhões”, denunciou o engenheiro.
Com informações do Valor Econômico