“De olho no petróleo, Trump viola leis internacionais e ameaça nossa soberania”, diz presidente da Colômbia

Petro rebate acusações de Trump (AFP)

Petro declara que não se curvará diante de “insultos”, além de sanções de Trump a ele e sua família: “não daremos um passo atrás”

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro rejeitou as acusações de Trump que o difamou ao acusa-lo de envolvimento com as drogas e denunciou o presidente americano de violar as leis internacionais ao perpetrar “execuções extra-judiciais” em águas internacionais e perto das costas de dois países latino-americanos, Colômbia e Venezuela.

“O Sr. Trump difamou a mim e insultou a Colômbia”, declarou Petro.

Desde que começou as provocações contra a Colômbia e a Venezuela, os EUA deslocaram milhares de marines, barcos, submarino e caças. Em ataques a barcos locais, já destruiu 10 naves e matou 40 pessoas.  

“As mortes seguem em ritmo crescente”, denunciou Petro.  

Trump chegou a chamar o presidente colombiano de “bandido” e “traficante de drogas”.

Entre as sanções, Trump anunciou o corte de verba norte-americana até aqui entregue à Colômbia como auxílio ao combate às drogas no país.

Petro disse que o corte não prejudicará o seu governo, pois a verba vai para organizações não governamentais colombianas conectadas aos EUA.

“O que vai acontecer se retiram este dinheiro? Na minha opinião, nada”, disse Petro.

PETRO APROFUNDOU O COMBATE ÀS DROGAS

Petro observa que, ao contrário das acusações trumpistas, seu governo “tem sido o mais efetivo em confisco de cocaína na história mundial”.

As declarações do presidente colombiano vieram depois das afirmações insultuosas de Trump, usadas para pretextar as sanções além de ameaçar o pais sul-americano de invasão por terra, nesta quinta-feira (23).

Segundo Petro, essa movimentação dos Estados Unidos visa apoiar a ultra-direita colombiana para influir nas eleições de 2026, “de olho na nossa política progressista e buscando tomar nossos poços de petróleo”.

O colombiano advertiu que “qualquer agressão por terra é invasão e atinge a soberania nacional da Colômbia”.

O embaixador da Colômbia em Washington Daniel Garcia Pena foi chamado de volta a Bogotá em protesto contra as provocações do governo dos EUA.  

Avançando nas provocações, o governo dos Estados Unidos de Donald Trump, através do Departamento do Tesouro anunciou na sexta-feira, que está impondo sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sua esposa, Verônica Garcia, seu filho, Nicolás Petro e o ministro do interior colombiano, Armando Benedetti.

Petrotambém tem criticado veementemente a bárbarie de Trump que persegue imigrantes latinos nos EUA, e tem denunciado os ataques às embarcações no mar do Caribe e, mais recentemente, no Pacífico.

Repetindo os insultos, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que Petro “permitiu que os cartéis de drogas florescessem e se recusou a interromper essa atividade”.

“Desde que o presidente Gustavo Petro chegou ao poder, a produção de cocaína na Colômbia explodiu para a taxa mais alta em décadas, inundando os Estados Unidos e envenenando os americanos”, mentiu Bessent.

As sanções anunciadas também irão impor o congelamento de quaisquer bens que ele possua nos EUA e o bloqueio transações financeiras com instituições americanas.

O presidente colombiano, em uma postagem na rede social X, disse: “Eu, minha esposa e meu filho fomos incluídos na lista. Será o advogado americano Dany Kovalik quem nos defenderá. É um paradoxo: a Colômbia tem lutado contra o narcotráfico há décadas com eficácia. Nem um passo atrás, e jamais de joelhos”.

SENADOR TRAÍRA

Petro denuncia a ação de Bernie Moreno nos Estados Unidos. Ele é um senador de origem colombiana do Partido Republicano nos EUA. De maneira muito semelhante a Eduardo Bolsonaro, que está fazendo de tudo para submeter o Brasil à hegemonia americana, Moreno adotou uma política de fazer ataques contra o país em que nasceu, com acusações sem provas contra Petro e sua família de envolvimento com o narcotráfico.

Recentemente Moreno defendeu botar Gustavo Petro e sua família na lista de sanções da Ofac (Departamento ligado ao Ministério do Exterior especializado em impor sanções a outros países), criada por Bill Clinton e defendeu botar os cartéis colombianos na lista de organizações terroristas estrangeiras.

Petro rebateu os ataques do senador americano, dizendo que Moreno prefere perseguir sua família ao invés de ir atrás de traficantes de drogas de verdade.

“Realizei dois debates no Congresso da República em 2000 sobre os associados do presidente Andres Pastrana, amigo de Epstein e amigo dos irmãos do senador Bernie Moreno,” disse Petro.

Nesses debates, Petro disse que que informou ao Congresso colombiano que o irmão mais velho de Moreno, Roberto, de tomar parte nos anos 90, de uma operação de lavagem de dinheiro para o chefe do cartel de Bogotá na época. De acordo com Petro, a operação enriqueceu a família de Moreno e outros membros da elite colombiana. Outro irmão de Moreno, Luis Alberto, de acordo com Petro, desempenhou um papel central na pilhagem contra o Banco del Pacifico no Equador também nos anos 90.

AMEAÇAS À SOBERANIA DA COLÔMBIA

Em comunicado expedido no dia 19, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia rejeita as declarações ofensivas e depreciativas ao presidente do povo colombiano, Gustavo Petro Urrego, e a ameaça direta à soberania nacional emitida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual acusa infundadamente o Presidente colombiano.

Essas acusações constituem um ato da mais alta gravidade e violam a dignidade do presidente colombiano, que liderou e combateu incansavelmente o narcotráfico em nosso país, realizando, durante seus anos de mandato, as maiores apreensões de drogas ilícitas da história recente, além de promover uma luta que visa erradicar integralmente o flagelo das drogas em toda a região.

A referida comunicação contém uma ameaça direta à soberania nacional ao propor uma intervenção ilegal em território colombiano, um país que historicamente tem sido um valioso aliado na luta contra as drogas na região e no mundo. Essas abordagens violam todas as normas do direito internacional e da diplomacia, especialmente os tratados internacionais que protegem a soberania, a independência e a autodeterminação dos países.

Como Governo da Colômbia, rejeitamos veementemente esses pronunciamentos e apelaremos a todos os organismos internacionais em defesa de nossa soberania como Estado e da dignidade de nosso presidente, que sempre se destacou por seu respeito às instituições democráticas e sua luta frontal contra o narcotráfico.

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