“É preciso perceber que o debate não é ambiental. Defendemos o meio ambiente. O debate é claramente internacional, é geopolítico. Alguns brasileiros estão defendendo os interesses internacionais”, afirma Allan Kardec Duailibe, ex-presidente da ANP
O ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e presidente da Gasmar (Companhia Maranhense de Gás), Allan Kardec Duailibe, fez duras críticas aos opositores da exploração da Margem Equatorial do Brasil, região que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, com bacias sedimentares que tem um grande potencial de petróleo e gás.
“É preciso perceber que o debate não é ambiental. Defendemos o meio ambiente. O debate é claramente internacional, é geopolítico. Alguns brasileiros estão defendendo os interesses internacionais”, denunciou o ex-presidente da ANP, ao participar do Seminário “Relatório Anual de Exploração 2022: diagnóstico e perspectivas da exploração de petróleo e gás natural no Brasil” da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na última quinta-feira (20).
“Esse é o grande problema. O Brasil, em termos ambientais e energéticos, está onde os países gostariam de estar em 2050. Estamos adiantados 30 anos, com uma matriz energética muito limpa. Esta é a maior oportunidade em 500 anos para nós. Portanto, é lamentável que tenhamos sido impedidos de explorar por conta de licenciamentos ambientais incompletos”, criticou Allan Kardec em entrevista.
Duailibe disse que há 19 blocos da Margem Equatorial, situados nas bacias de Barreirinhas e Pará-Maranhão, com possibilidade de exploração de petróleo, mas que nenhum foi autorizado pelo licenciamento ambiental.
“Lamentável que as empresas internacionais, que exploram nestas águas a Margem Equatorial, tanto na Guiana quanto no Suriname, tenham maior vantagem sobre a Petrobrás explorar aqui. São blocos parados, há anos, pasme, por falta de solução no licenciamento ambiental. Quem ganha com isso são as empresas e os países estrangeiros que nos obrigam a importar óleo diesel e gasolina do exterior”, criticou.
A exploração de petróleo Margem Equatorial do Brasil foi barrada após uma decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que alega que a exploração pode trazer riscos ao meio ambiente. O Instituto indeferiu o pedido de licenciamento ambiental da Petrobrás para perfuração de um poço de petróleo, que fica a mais de 500 km da foz do rio Amazonas e a 2.800 metros de profundidade, argumentando que a petroleira estaria sendo omissa na previsão dos impactos da atividade em terras indígenas e no plano ao atendimento à fauna em caso de derramamento de óleo.
A Petrobrás já entrou com um recurso administrativo para reverter a decisão do Ibama, afirmando que cumpriu todas as exigências técnicas demandadas pelo órgão para o projeto exploratório e tem condições de atender as exigências adicionais que permitam a liberação da atividade de pesquisa e exploração na Margem Equatorial brasileira.