O professor da FGV e consultor econômico do presidenciável do PDT, Ciro Gomes, comentou também as recentes mobilizações dos empresários contra o golpe arquitetado por Bolsonaro. “Esse movimento é muito positivo. Os manifestos são um passo para conter essa escalada golpista”, afirmou
O professor e economista Nelson Marconi, mestre e doutor em economia pela FGV-SP e pesquisador visitante no Center for International Development da Kennedy School of Government na Universidade de Harvard, criticou, em entrevista ao HP, a decisão o Banco Central de elevar em meio ponto percentual a taxa básica de juros da economia na última reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom), realizada na quarta-feira (3).
Com a décima alta seguida, a taxa Selic passou de 13,25% para 13,75% ao ano. “O que influiria mesmo na redução da inflação seria a mudança da política de preços da Petrobrás e investimentos em energia, não a alta dos juros”, afirmou o economista e consultor econômico do presidenciável do PDT, Ciro Gomes. Para Marconi “a alta dos juros só prejudicará mais nossa combalida economia e as pessoas endividadas”. Marconi, assim como outros economistas consultados pelo HP, considera que a inflação atual, que passa dos dois dígitos, não é provocada por excesso de demanda.
O economista José Oreiro também criticou a medida. “A inflação é um problema de choque de oferta persistente, mas não permanente”, disse o professor da UNB. Em sua opinião “há inflação de alimentos e de energia subindo, por conta de uma série de eventos que persistem no tempo, como: a guerra da Rússia e da Ucrânia, como os efeitos ainda da Covid-19 sobre a cadeia mundial de suplementos”. “Quer dizer, esses efeitos estão durando mais do que a gente havia esperado”, avaliou.
Nelson Marconi comentou também as recentes manifestações de empresários de diversos setores da economia, incluindo indústria, comércio e o setor financeiro, em defesa da democracia e contra a aventura golpista de Bolsonaro. “Acho bem positivo o manifesto dos empresários que se juntará a outras organizações da sociedade civil”, avaliou o professor da FGV.
É avaliação geral que o país vive uma ameaça grave de ruptura democrática. A movimentação, que se expandiu para o mundo empresarial após a reunião de Bolsonaro com embaixadores para atacar a democracia brasileira, aprofundou o isolamento político do governo e obrigou Bolsonaro até mesmo cancelau sua ida à Fiesp no próximo dia 11.
“É muito importante mostrar que a classe empresarial e a sociedade organizada estão dispostas a defender a democracia como valor essencial. Os manifestos são um passo para conter essa escalada golpista”, afirmou Nelson Marconi. Ele se refere ao manifestos de juristas e personalidades e o manifesto dos empresários organizados pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Mais de 100 entidades já assinaram o manifesto organizado pela Fiesp e mais de 740 mil pessoas assinaram o manifesto elaborado por professores da Faculdade de Direito da USP e que será divulgado em ato no dia 11 de agosto.
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