“Não é hora de o Banco Central subir a Selic, o que seria excessivo em termos de controle da inflação e apenas traria restrições adicionais ao crescimento econômico, se convertendo em menor bem-estar para a população”, afirma a CNI sobre a decisão do Copom em elevar o juro a 10,75%
A decisão do Banco Central, através do Comitê de Política Monetária (Copom), de iniciar um novo ciclo de aumento dos juros no Brasil, com a elevação da taxa Selic de 10,50% para 10,75% na reunião de quarta-feira (18), foi fortemente criticada pelo setor produtivo.
É HORA DE REDUZIR OS JUROS
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom de aumentar os juros é uma medida excessiva e prejudicaria o crescimento econômico. Além disso, “colocaria o Brasil na contramão do que o mundo está fazendo nesse momento, que é a redução das taxas de juros”
“Não é hora de o Banco Central subir a Selic, o que seria excessivo em termos de controle da inflação e apenas traria restrições adicionais ao crescimento econômico, se convertendo em menor bem-estar para a população. Pelo contrário, o foco deve ser a consolidação dos elementos capazes de pavimentar o caminho de retomada dos cortes na taxa de juros, para que ocorram o quanto antes, criando um ambiente mais favorável para a execução de projetos fundamentais para a modernização da matriz produtiva brasileira”, alertou Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota.
TRAVA AOS INVESTIMENTOS
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou precipitada a decisão do Copom. “O elevado patamar de juros vem comprometendo setores estratégicos, em especial a indústria, e minando qualquer possibilidade de aumento da taxa de investimento do país. O setor industrial, embora tenha esboçado uma tímida recuperação nos últimos meses, ainda opera 15% abaixo de sua máxima histórica, registrada em maio de 2011”, manifestou a Firjan.
“Ampliar o patamar contracionista da política monetária geram impactos significativos em toda e economia. A capacidade produtiva é seriamente comprometida, desestimulando os investimentos e gerando efeitos sistêmicos. A indústria, que já vinha sendo afetada, pode ser ainda mais prejudicada, com a limitação de sua capacidade de investimento e a redução de sua competitividade. Esses fatores, somados, provocam um impacto profundamente negativo sobre o crescimento econômico, a criação de empregos e a renda da população”, alertou a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
ENCARECE O CRÉDITO E PREJUDICA AS FAMÍLIAS
“O aumento dos juros eleva o custo de capital para as empresas, dificulta o acesso a financiamentos e encarece o crédito ao consumidor”, afirmou a Confederação Nacional do Comércio. Segundo a entidade, o impacto pode ser ainda mais grave em datas comerciais importantes, como Black Friday e Natal.
“Quem paga a conta da alta na Selic são os pequenos negócios e as famílias mais pobres”, declarou Décio Lima, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), considerando a decisão do BC um “retrocesso”. “A elevação da taxa básica de juros prejudica o governo, os consumidores, as empresas e principalmente os pequenos negócios. Reduzir os juros faz com que a gente democratize o acesso ao crédito no país”, afirmou Lima. “Quem paga a conta do aumento da Selic são as micro e pequenas empresas, incluindo as famílias mais pobres, que já sofrem tanto para manter as portas dos seus negócios abertas”.
Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), “o Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo, o que agrava ainda mais os desafios ao crescimento econômico do país”.
“Com uma taxa de juros tão elevada, é difícil fomentar o nível de investimento necessário para um crescimento sólido e consistente no médio e longo prazo da economia do país”, ressaltou o economista-chefe da Apas, Felipe Queiroz.