“Não há rigorosamente nenhum fundamento para diminuir o ritmo e sinalizar freio no corte da Selic”, diz o deputado
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) criticou a decisão da quarta-feira (8) do Banco Central de reduzir o ritmo de queda na taxa de juros básicos da economia. “A insensibilidade e falta de conexão com a realidade do Banco Central é uma verdadeira afronta às necessidades do país e anseios do povo”, denunciou o parlamentar.
Na verdade, apesar de ter havido uma queda de 0,25 pp na taxa nominal de juros, a taxa real, ou seja, a taxa nominal menos a inflação, se elevou. Isto ocorreu porque a inflação está em queda. Em março deste ano, o juro real, que é o que interessa para a economia, estava em 5,90%. Agora, após a decisão do BC, ele foi para 6,54%.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcula um juro real de 6,9%, ainda maior que o apontado acima: “Além do quadro de inflação controlada, outra razão para cortes mais intensos da Selic são os prejuízos que as taxas de juros reais elevadas provocam na economia. Mesmo com os cortes já realizados, a taxa de juros real está em 6,9% ao ano”, diz a entidade.
“Não há rigorosamente nenhum fundamento para diminuir o ritmo e sinalizar freio no corte da Selic. É pura ideologia e sabugismo ao mercado”, destacou Orlando Silva em suas redes sociais. Junto com ele se manifestaram o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann. Ambos apontaram que a queda dos juros tinha que se acelerar e não sofrer um freio como acabou acontecendo.
Entidades da indústria também criticaram duramente a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir o ritmo de corte da taxa básica de juros (Selic), uma redução de 0,5 ponto para 0,25 ponto percentual (p.p), é incompatível com a retomada do crescimento da economia e prejudica o plano de reindustrialização do país.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom, em reunião na quarta-feira (8), não reflete o cenário atual de inflação no Brasil, que está sob controle, e impede a redução da taxa de juros real (descontada a inflação), hoje próximo dos 7% ao ano. De acordo com o site MoneYou, o juro real no Brasil é o segundo maior do mundo.