
Por motivo das comemorações em Moscou dos 80 anos da vitória da humanidade sobre o nazifascismo, os presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping assinaram uma declaração conjunta sobre o aprofundamento da parceria estratégica China-Rússia, frente ao que os dois países já caracterizaram como mudanças sem precedentes em curso no mundo
Ao lado de Putin como convidado de honra no desfile da Praça Vermelha, o presidente Xi cumpriu na Rússia uma visita de Estado de três dias e uma delegação do Exército Popular da China desfilou na Praça Vermelha em homenagem à vitória soviética na Grande Guerra Patriótica.
Sob o aprofundamento da parceria estratégica, o comércio bilateral alcançou no ano passado o equivalente a US$ 245 bilhões, só que realizado inteiramente em rublos e yuans. Entre os novos acordos assinados, a aceleração da construção do gasoduto Poder da Sibéria-2, a ferrovia de alta velocidade Pequim-Moscou, aprofundamento da cooperação na alta tecnologia, na exploração espacial e no projeto de GNL do Ártico.
Na declaração, China e Rússia apoiaram firmemente “o resultado vitorioso da Segunda Guerra Mundial. As duas partes descreveram a Segunda Guerra Mundial como uma catástrofe sem precedentes na história, na qual a China e a União Soviética constituíram os principais campos de batalha na Ásia e na Europa, servindo como pilar da resistência contra o militarismo e o fascismo”.
“A China e a Rússia comprometeram-se a impedir o ressurgimento do nazismo anti-humano e da supremacia racial, e seguirão resistindo à apologia do neonazismo, à restauração do militarismo, bem como à promoção de diversas formas de racismo, discriminação racial e xenofobia”.
China e a Rússia, como vencedores da Segunda Guerra Mundial, membros fundadores da ONU e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, já fizeram e continuarão a fazer esforços incessantes para a estabilidade estratégica global, sublinha a declaração, que chama aos esforços conjuntos da comunidade internacional para a construção de uma estrutura de segurança “abrangente, integrada e sustentável globalmente”.
NOVO MODELO PARA O MUNDO
“China e Rússia estabeleceram um modelo para o mundo na construção de relações internacionais de novo tipo, assim como no desenvolvimento da cooperação entre si e com outros países importantes. China e Rússia se apoiam mutuamente para salvar a soberania, a integridade territorial, a segurança e a estabilidade. A Rússia reafirma seu compromisso com a política de uma única China”, reitera o documento.
“China e Rússia reafirmam seu compromisso de respeitar o direito internacional, resistindo a qualquer tentativa de distorcer os princípios básicos do direito internacional”. As duas partes instaram, ainda, “os Estados possuidores de armas nucleares a abandonar a mentalidade da Guerra Fria e os jogos de soma zero”.
“Ambas as partes expressaram sua profunda preocupação com as políticas de confronto impostas por certos países e seus aliados”.
Na declaração, China e Rússia chamaram a “acabar com os atos de ingerência nos assuntos internos de outros países” e de sabotagem da arquitetura de segurança existente em várias regiões do mundo, “traçando linhas artificiais entre países e advogando pelo confronto entre blocos”.
“A China e a Rússia acreditam que é necessário eliminar as causas profundas da crise da Ucrânia por meio da adesão plena aos princípios da Carta da ONU. Os países devem acatar todos os princípios de segurança indivisíveis e ter em conta os interesses e preocupações legítimas de segurança dos países”.
“A China e a Rússia fizeram um apelo em favor da estabilidade do Oriente Médio, e advogaram meios políticos e diplomáticos para abordar questões delicadas.”
“A China e a Rússia se comprometem a defender o sistema internacional com as Nações Unidas em seu núcleo, a reforçar as normas básicas que regem as relações internacionais baseadas nos propósitos e princípios da Carta da ONU, e a impulsionar a realização de um mundo multipolar igualitário e ordenado”.
“China e Rússia expressam seu apoio para que a ONU desempenhe um papel central na governança da inteligência artificial”.
Os dois países também reiteraram seu apoio à diversidade de culturas e civilizações.
“A China e a Rússia reiteram sua vontade de reforçar uma estreita coordenação no marco da Organização de Cooperação de Xangai”, bem como almejam “impulsionar a colaboração estratégica entre as nações dos BRICS em áreas como o comércio, as finanças e os intercâmbios culturais e entre pessoas”.
A declaração também repele atos de guerra comercial e sanções. “Certos países, sob diversos pretextos, foram imputando arbitrariamente a seus parceiros comerciais, infringindo gravemente os direitos e interesses legítimos de outros países e violando gravemente as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.
“A China e a Rússia se opõem firmemente à intimidação unilateral ilegal e às medidas protecionistas unilaterais, como a imposição arbitrária de tarifas e o abuso do controle das exportações, que perturbam gravemente a ordem econômica e comercial internacional, e têm um impacto profundamente negativo nas cadeias industriais e no abastecimento mundial.”