Entidades sindicais e de direitos humanos que compõem o Fórum das Organizações Não-governamentais Internacionais (Fongi) na Guatemala denunciaram a recente tentativa de assassinato de Sonia Elizabeth Montes, destacada integrante da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público, e do condutor da instituição, Nestor Valdez. Acompanhados de seguranças, os dois foram perseguidos por indivíduos em uma moto e tiveram o carro cravejado de balas, conseguindo sair ilesos do atentado.
“O ataque aconteceu quando a promotora chegava à oficina do Ministério Público na Cidade da Guatemala e se soma à preocupante situação nacional de insegurança e impunidade”, denuncia o Fongi, lembrando que o trabalho de Sonia é reconhecido nacional e internacionalmente pelas inúmeras investigações de assassinatos de ativistas. “São atos que pretendem frear a luta contra a corrupção que atinge os mais altos níveis de poder, frear o trabalho dos defensores dos direitos humanos, funcionários públicos e oficiais de justiça e, ao mesmo tempo, infundir medo e paralisar a população guatemalteca”, sublinha.
O ataque ocorrido no dia 15 de fevereiro, alerta o Fórum, “confirma o risco em que vivem não somente pessoas e coletivos, mas todos os que se unem contra uma política de agressão e desrespeito em um estado de quase absoluta impunidade”.
Segundo Julio Coj, dirigente do União Sindical dos Trabalhadores da Guatemala (Unsitragua), somente no ano passado foram registradas 483 agressões a defensores dos direitos humanos, com um impressionante saldo de 53 militantes assassinados.
Conforme a Unidade de Proteção a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos da Guatemala, “está se agudizando uma crise de Estado”, “com o país à beira de uma ruptura, no centro de uma encruzilhada política”. Na avaliação da entidade, se confrontam neste momento “aquelas forças que, majoritariamente, estão a favor da transformação das velhas, violentas e corruptas estruturas enquistadas na institucionalidade do Estado e aqueles setores que buscam retomar o modelo clientelista e de privilégios de uma pequena, porém poderosa, elite econômica”. “Nesta encruzilhada é gerada uma série de tensões, contradições e conflitos que geram violência contra a população e, de maneira particular, contra aquelas pessoas que defendem direitos e liberdades fundamentais para o povo”, conclui a entidade.