Herdeira do banco Itaú é uma das signatárias da carta em defesa da democracia organizada pela Faculdade de Direito da USP, socióloga e presidente do Conselho Curador da Fundação Tide Setúbal
Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, disse que Jair Bolsonaro tem “questionado e atacado” as instituições e que adesão maciça de empresários ao manifesto reforçou frente ampla e “defesa da democracia mudou de patamar”.
“Esses movimentos são muito importantes. Para enfrentarmos as desigualdades sociais enormes do país precisamos ter uma democracia forte, com uma sociedade civil robusta, plural e ativa, ou seja, falante”, falou em entrevista ao Estadão.
Para ela, “a gente tem hoje uma democracia em xeque, com seu sistema e suas instituições sendo questionadas e atacadas. E isso não é de hoje”.
Na opinião de Neca Setubal, a reunião de Jair Bolsonaro com embaixadores, durante a qual falou mentiras sobre as urnas eletrônicas, “foi um tiro no pé e só serviu para acelerar toda essa movimentação da qual faço parte já desde 2021”.
“Você não consegue ter um apoio tão maciço a uma carta, que eu acho que vai chegar a 1 milhão de assinaturas até o dia 11, de uma hora para outra e ainda mais reunindo empresários, entidades e organizações tão diversos, da Febraban à Coalizão Negra”.
“Acho que agora sim chegamos a uma frente ampla. A defesa da democracia mudou de patamar”, continuou.
A adesão dos empresários à Carta aos Brasileiros e Brasileiras em defesa do Estado Democrático de Direito, elaborada pela Faculdade de Direito da USP, “é uma demonstração de que a maior parte dos empresários (…) vai defender o resultado das urnas. A entrada de grupos empresariais, de advogados e de juristas nesta defesa é o salto que a gente precisava”.
Neca apontou que “é muito melhor para o mercado ter regras claras, definidas com transparência, sem autoritarismo”.
“Para mim, a assinatura de empresários do setor financeiro e entidades do mesmo setor expressa que, independentemente do candidato, há uma consciência de que o sistema democrático é melhor para todos”.
Jair Bolsonaro está isolado em suas ameaças à democracia. Os demais candidatos à Presidência, como “Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet e Luiz Felipe d’Avila são contundentes na defesa da democracia, o que é fundamental”.
“Eu tenho certeza que as entidades e as organizações da sociedade civil acordaram e viram que, independentemente do resultado da eleição, essa extrema-direita vai continuar muito ativa e que, portanto, vamos ter um trabalho muito grande, se o Bolsonaro não for reeleito, no processo de reconstrução do País”, completou.
O manifesto da Faculdade de Direito da USP será lido publicamente em um grande ato no Largo São Francisco, no centro de São Paulo, no dia 11 de agosto, quinta-feira.
Jair Bolsonaro já demonstrou incômodo com a força da defesa da democracia. Ele falou que as pessoas que assinam o manifesto são “democratas de fachada” e “mamíferos”.
O documento foi assinado, até agora, por mais de 787 mil pessoas.