O PT respondeu no sábado (14) à entrevista que o governador da Bahia, Rui Costa, deu à revista Veja, onde defendeu que o PT deve se abrir mais na relação com outras forças políticas e que o partido errou ao não apoiar Ciro Gomes em 2018. Em nota, a direção do partido, dirigida por Gleisi Hoffmann, afirmou que “o debate sobre 2022 é prematuro e que o apoio a Ciro em 2018 não se justificava”.
“Nas eleições de 2018, o certo era ter apoiado o Ciro Gomes. Fora o Lula, nenhuma das nossas lideranças seria capaz de superar o antipetismo ou disputar a Presidência em pé de igualdade”, disse o governador. “A reflexão também tem de ser anterior. Faltou perceber que era preciso dialogar com todos os segmentos sociais, mesmo com aqueles que pensam diferente”, disse o governador, na entrevista.
Rui Costa argumentou, também, que “a bandeira Lula Livre não deva ser condicional para que o partido forme alianças com partidos de oposição”.
Além de dizer que o debate sobre 2022 é prematuro, a nota do PT afirma que a decisão foi correta de lançar candidato próprio em 2018 e que só perdeu “pelo uso criminoso de notícias falsas pela campanha de Bolsonaro, com financiamento ilegal até de fontes estrangeiras, contando com a omissão da mídia e da Justiça Eleitoral”.
O balizamento pela direção do PT à discussão sobre o pleito de 2022 tem a ver com o fato do governador da Bahia ter colocado seu nome como uma das alternativas à sucessão de Bolsonaro. “Mais do que projetarem nomes, os partidos deveriam deixar a vaidade de lado. Se cada um quiser se colocar um degrau acima, não vamos conseguir pensar um projeto de país”, afirmou.
“Hoje quero construir com outras lideranças essa alternativa. Mas é óbvio que, se digo que estou disposto a construir algo, então estou disposto a assumir qualquer tarefa”, destacou.
Rui Costa incomodou a direção do PT ao também avaliar que há problemas com o governo da Venezuela. “Esse é um problema que ocorreu com o PT, porque manifestamos unilateralmente apoio a um dos lados na Venezuela, independentemente do que estivesse ocorrendo”, avaliou. “Há sinais claros de que a democracia está sendo desrespeitada e de que agressões estão sendo desferidas contra pessoas e seus direitos”, afirmou o governador.
Na nota, a direção do PT, que apoia Maduro, diz que a visão do partido sobre a Venezuela “considera primeiramente que o país vizinho se encontra sob criminoso embargo econômico e tentativa de intervenção militar estadunidense (com apoio do governo Bolsonaro), o que denunciamos em todos os fóruns. O PT repudia as tentativas de golpe, defende a pacificação do país e uma saída negociada democraticamente para a crise da Venezuela, respeitando o direito de autodeterminação do povo venezuelano”.