
Advogado afirmou ao STF que o ex-ministro da Defesa tentou demover o ex-presidente de cometer o crime planejado. Bolsonaristas ficaram furiosos com a linha de defesa do general
O discurso do advogado do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, na sessão do julgamento da trama golpista nesta quarta-feira (3) foi arrasador para Jair Bolsonaro. Seu advogado de defesa sustentou da tribuna que o militar havia tentado diversas vezes demover o então presidente da República de cometer as ilegalidades pretendidas.
Ou seja, o advogado de Paulo Sérgio afirmou diante dos ministros da 1ª Turma que o militar tentou demover Bolsonaro de cometer um crime. A ministra Cármen Lúcia resolveu, então, questioná-lo sobre o que o general pretendia exatamente ao tentar “demover o presidente”. A resposta do defensor foi de que o militar tentou demover o presidente da República de cometer as medidas de exceção.
A resposta entregou os golpistas. A linha de defesa do general Paulo Sérgio – com o objetivo de tirar o corpo fora – deixou furiosos os bolsonaristas, pois tornou evidente que Jair Bolsonaro realmente tramava o golpe.
Segundo o advogado, havia a trama, mas o general teria se esforçado para demover Bolsonaro de levá-la adiante. A tese desmonta a narrativa dos demais defensores de que não havia nada sendo planejado e que tudo não passava de ilações. A defesa do general jogou o ex-presidente para o centro da tentativa de golpe de estado após a derrota nas eleições de 2022.
Se já estava complicada a vida de Jair Bolsonaro pela quantidade de provas de sua intenção de atacar a democracia, anular a eleição, intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prender ministros e oposicionistas e assassinar o presidente eleito, seu vice e o presidente do TSE, a defesa de Paulo Sérgio acabou de enterrar a chance dele se livrar. A narrativa de que não havia nada sendo preparado e que o colaboração de Mauro Cid era mentirosa foi por água abaixo.
Bolsonaro e outros réus do núcleo crucial da trama vinham negando até o dia do julgamento que houvesse qualquer tentativa de golpe de estado. Eles tentaram desqualificar a colaboração do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e afirmaram que não participaram de nenhuma ilegalidade ou de qualquer suposta trama golpista. Aí vem o advogado de Paulo Sérgio e diz aos juízes que havia sim uma trama e que seu cliente tentou demover Bolsonaro de seguir com os planos. Não foi à toa a irritação dos demais envolvidos.