Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, na quarta-feira (14), o ex-senador do PT, Delcídio do Amaral, afirmou que o sítio em Atibaia (SP), sempre foi conhecido como propriedade de Lula.
Delcídio relatou que era comum pessoas dentro do PT, como o ex-governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, dizerem que iriam passar o fim de semana no sítio do ex-presidente.
Delcídio declarou, ainda, que José Carlos Bumlai, amigo de Lula, disse, em certa ocasião, estar mais tranquilo em relação ao término das obras no sítio porque a OAS iria entrar no processo, acelerando o trabalho. Ele disse que seu depoimento foi baseado em encontros que teve com Bumlai, Zeca do PT e lideranças do partido, que não apenas dariam conhecimento das reformas, como demonstrariam que o sítio é do ex-presidente.
O ex-senador ressaltou que não tem dúvidas de que tudo que afirmou em seu acordo de colaboração foi confirmado por documentos ao longo das investigações.
Delcídio prestou depoimento como testemunha de acusação no processo em que Lula é denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro porque se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no sítio. As reformas foram pagas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, em troca de contratos das empreiteiras com a Petrobras.
No final de 2015, Delcídio foi preso após ser gravado em uma conversa na qual oferecia dinheiro para evitar uma possível colaboração de Cerveró, ex-diretor da Petrobrás. O Senado referendou a perda de mandato e a prisão decretada pelo STF. Em março de 2016, o STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou a delação premiada do ex-senador.
Na mesma quarta-feira, o juiz Sergio Moro aceitou denúncia do Ministério Público contra Delcídio por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, ele foi um dos beneficiários de propina oferecida pela Astra Oil para que a Petrobrás comprasse 50% da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.