O superintendente da Polícia Federal de Minas Gerais, Cairo Costa Duarte, afirmou que Jair Bolsonaro não se mostrou insatisfeito, em nenhum dos dois encontros que teve com ele, com as investigações sobre o caso da facada desferida por Adélio Bispo em 2018.
A PF concluiu que Adélio agiu sozinho e sem mandantes; a Justiça o considerou inimputável (que não se pode acusar) por conta de transtorno mental. A defesa de Jair Bolsonaro não recorreu da decisão, apesar do prazo concedido por lei.
Em depoimento prestado na quarta-feira (20), por conta das investigações acerca das tentativas de Bolsonaro de interferir na PF, Cairo informou que Bolsonaro não reclamou, em nenhuma das duas reuniões que eles tiveram, do andamento das investigações sobre a facada.
Porém, em discurso feito quando da saída do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo, Bolsonaro criticou o andamento das investigações sobre o caso, como argumento para interferir na PF.
“A Polícia Federal de Sárgio Moro mais se preocupou com Marielle [Franco, vereadora assassinada] do que com seu chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí. Não interferi. Eu acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber, e entendo, me desculpe seu ex-ministro, entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar”, disse.
Segundo Cairo, ele e Bolsonaro estiveram juntos duas vezes. Uma primeira, na presença do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, e a outra na presença do atual ministro André Mendonça. Em nenhuma das duas oportunidades Bolsonaro reclamou do resultado da investigação.
Cairo Duarte “acredita não ter sido manifestada pelo presidente da República na ocasião qualquer insatisfação em relação ao aprofundamento da investigação”, diz o relatório do depoimento.