“A Polícia Federal é órgão de Estado e conquistou ao longo de sua história o prestígio e a confiança da sociedade na seriedade de seus policiais”, disse o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro
O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, afirmou que “as investigações conduzidas pela PF não privilegiam nem perseguem ninguém”, contrapondo-se às críticas feitas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que foi citado em investigações sobre corrupção.
“A Polícia Federal é órgão de Estado e conquistou ao longo de sua história o prestígio e a confiança da sociedade na seriedade de seus policiais”, disse.
“As investigações conduzidas pela PF não privilegiam nem perseguem ninguém, são sempre pautadas pela legalidade e pela imparcialidade”, declarou Luciano.
A fala do presidente da ADPF foi feita poucos dias depois de Arthur Lira reclamar que “alguns excessos” na atuação da Polícia Federal “estão aflorando” e que o governo Lula deveria “ter cuidado”.
“Polícia Federal não trabalha nem como promotor de Justiça nem como juiz. Ela tem que ir até a investigação. Acabou a investigação, acabou o papel. Ela não pode ir além disso. Tem policiais indo além disso”, continuou o presidente da Câmara.
O presidente da Câmara comentou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, sobre as operações que investigavam um esquema de corrupção na compra de kits de robótica, nas quais ele próprio aparecia como investigado.
Os kits de robótica eram vendidos, com sobrepreço de até 420%, por pessoas próximas a Arthur Lira para Prefeituras de Alagoas. O dinheiro para a compra vinha do “orçamento secreto”, mecanismo de emendas parlamentares que era controlado pelo presidente da Câmara – e que foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Foram encontradas dezenas de provas da existência do esquema de corrupção, como saques e entrega de dinheiro e grupos de Whatsapp onde o esquema era organizado.
Neste momento das investigações, Arthur Lira falou que não se sentia “atingido” pelo inquérito e que não achava “provocativo”.
O nome de Lira só apareceu na investigação quando foi encontrado um bloco de notas, que estava sob posse de um dos membros da organização criminosa, que indicava pagamentos diretos e indiretos para o deputado.
Nas anotações, o nome “Arthur” aparece como beneficiário do dinheiro sujo. “Arthur” recebeu, de acordo com o documento, R$ 265 mil vindos da corrupção. Além disso, há o registro de pagamentos para “Hotel Emiliano = Arthur” referentes ao dia 17 de abril.
O Hotel Emiliano é usado por Lira quando ele se hospeda em São Paulo. No dia 17 de abril, ele estava na capital paulista.
A partir dessas revelações, Arthur Lira passou a reclamar e dizer que o objetivo único do inquérito era “me atingir”.
O ministro Gilmar Mendes, do STF, determinou o envio do caso para a Corte, tirando-o da primeira instância, por conta do foro privilegiado de Lira.
O caso seria avaliado pela 2ª Turma do STF, mas Mendes se adiantou e determinou que todas as provas fossem anuladas.
Na quinta-feira (21), o ministro determinou o arquivamento do inquérito, em decorrência dessa anulação.
Arthur Lira está usando as decisões monocráticas (individuais, não coletivas) de Mendes para argumentar que o inquérito tinha “vícios” e “perseguição de alvos”.