Além da carga tributária e do alto custo da matéria-prima
A fraca demanda está entre os principais problemas da indústria, conforme levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado na última sexta-feira (19). A CNI entrevistou 1.492 empresas de pequeno, médio e grande porte, entre os dias 1° e 9 de julho.
A demanda por consumo de bens e serviços vem sendo travada pelo alto nível da taxa de juros do Banco Central (BC), hoje em 10,5% ao ano. Em maio de 2024, a produção industrial nacional recuou 0,9% frente a abril de 2024 (-0,8%), com todos os macrossetores e a maioria dos seus ramos no vermelho. Diante do segundo resultado negativo consecutivo, em que a indústria acumula perda de 1,7% no período, o setor eliminou o ganho de 1,1% obtido entre fevereiro e março deste ano.
A demanda insuficiente (26,3%), a falta ou alto custo da matéria-prima (23,1%), a taxa de câmbio (19,6%) e os juros elevados (19,4%) figuraram entre os principais problemas do empresariado industrial no segundo trimestre de 2024. Estes só ficam atrás da alta carga tributária (35,5%), que é uma reclamação histórica dos empresários e dificilmente cai da primeira colocação do ranking de problemas da indústria, que permite múltiplas escolhas.
Também no segundo trimestre deste ano, destaca a CNI, a preocupação com a taxa de câmbio “teve um avanço significativo, subindo da 17ª para a 4ª colocação”. “O percentual de indústrias que apontam a taxa de câmbio como um dos três principais problemas enfrentados no trimestre subiu de 5,6% para 19,6% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2024”.
No último período, o real apresentou desvalorização frente ao dólar, não somente por questões externas, mas pelos ataques de especuladores do mercado financeiro interno e externo que pressionam o governo brasileiro para cortes de investimentos públicos, além das retiradas de benefícios e direitos sociais, com o objetivo de proteger o pagamento dos juros da dívida pública, que segue sem limitação de normas fiscais e pagando somas que chegam a mais de R$ 700 bilhões por ano.