O democrata Joe Biden tomou posse como 46º presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (20) em Washington, em uma cerimônia sem amplo público como é tradicional, em que chamou o país a buscar a “cura” depois de quatro tóxicos anos de Trump. Ele reiterou que “a democracia prevaleceu” e prometeu ser o presidente de “todos os norte-americanos”.
“No meu primeiro ato como presidente peço silêncio pelas mortes por Covid-19. São americanos, mães, pais, filhos…Peço uma oração silenciosa para aqueles que ficaram para trás”, afirmou em seu discurso inicial como presidente.
Biden afirmou ainda que o país vive “um tempo de teste. Um ataque à democracia. Um vírus. O racismo está aí. Mas o fato é que enfrentamos todos esses desafios de uma vez. E agora estamos sendo testados mais uma vez. Existe muito a se fazer. E eu prometo para vocês, seremos julgados por isso, por como vamos resolver isso.”
Como desafios imediatos, esperam Biden a aplicação de 100 milhões de doses de vacinas nos primeiros cem dias, a aprovação pelo Congresso do pacote de socorro à saúde, estados e famílias de US$ 1, 9 trilhão, a economia em ‘K’ com bilionários se empanturrando na farra da bolsa enquanto há 20 milhões de desempregados recentes, milhões de famílias à beira do despejo e 50 milhões ameaçados pela fome, a volta dos EUA ao Acordo do Clima de Paris, à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Acordo Nuclear com o Irã, assim como a prorrogação do único tratado de controle do arsenal nuclear que resta, que estará extinto no dia 7 de fevereiro. Além da votação do segundo impeachment de Trump.
Biden pediu “união” para superar o desemprego e a pandemia e reconstruir o país. Prometeu ainda fazer frente ao racismo e às milícias supremacistas brancas.
Kamala Harris, a primeira mulher a se tornar vice-presidente dos EUA, prestou juramento um pouco antes. Estiveram na posse de Biden o vice de Trump, Mike Pence, o até aqui líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, e o líder da minoria republicana na Câmara, Kevin McCarthy.
Biden instou todos a “restaurar a alma e garantir o futuro da América”. “Peço que todos os americanos façam o mesmo comigo nesta causa: unidos para combater os inimigos que temos, a raiva, ressentimento, extremismo, ilegalidade, violência, doenças, desemprego. Juntos, podemos fazer coisas grandes e consertar erros”.
Ele chamou também a “acabar com esta guerra incivil que opõe vermelho [republicanos] contra azul [democratas], rural contra urbano, conservador contra liberal”. “Podemos fazer isso – se abrirmos nossas almas ao invés de endurecer nossos corações”, completou o novo presidente.
Artistas como Lady Gaga – que cantou o hino norte-americano -, Bruce Springsteen, Jennifer Lopez e John Legend ajudaram a dar um clima mais festivo à essa posse em condições tão especiais, depois do fracassado assalto dos trumpistas ao Capitólio e no dia seguinte do 400.000º norte-americano morto pela Covid.
Pela primeira vez desde Nixon, um presidente norte-americano não compareceu à transmissão de cargo, com Trump voando para a Flórida, depois de acenos de uns poucos adeptos e puxa-sacos, e prometendo a eles que “nos veremos de novo”. A “marcha do 1 milhão de milicianos”, que chegou a ser anunciada pelos esgotos digitais, não deu as caras. 20 mil soldados mantiveram a segurança, com a área central da capital isolada.