
O número de praias atingidas por manchas de óleo no Nordeste já são 124. Oficialmente são 59 municípios afetados em 8 estados: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. A informação é do último balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), publicado na manhã da última quinta-feira (3).
Apesar de não constar no balanço oficial do Ibama, a Bahia também foi afetada. O estado era o único do Nordeste que não tinha registros do problema até então. Porém, de acordo com o Projeto Tamar, que atua na preservação de espécies marinhas em extinção na região, na última quinta, as manchas de óleo chegaram ao litoral norte do estado.
Na mesma quinta-feira, Ibama e Marinha confirmaram a contaminação, que deve ser incluída no próximo balanço oficial do governo federal.
De acordo com o biólogo João Arthur há ao menos dois pontos de contaminação no estado: Mangue Seco, na cidade de Jandaíra; e Siribinha, no município de Conde.
Segundo o relatório do Ibama, o maior aumento foi no estado de Sergipe: no último balanço, apenas 4 praias no estado haviam sido atingidas. Agora, já são 10.
Dentre as 124 praias afetadas em todo o Nordeste desde o início de setembro, 10 estão em processo de limpeza, 70 ainda tem manchas visíveis e 44 já estão livres da substância na areia.
Pelo menos 12 animais foram atingidos pelo óleo, sendo nove tartarugas e uma ave, que foram encontradas mortas ou morreram após o resgate.
DEMORA NO INICIO DA INVESTIGAÇÃO
Apenas um mês depois dos primeiros registros de manchas de óleo nas praias do Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou neste sábado (5) que órgãos do governo federal investiguem. O despacho que pede providências da Polícia Federal, Ministério da Defesa, do Ibama e do ICMBio foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) em edição extra. O texto prevê que os órgãos “investiguem as causas e apurem as responsabilidades”, além de apresentar informações à Presidência da República, em 48 horas, do que já foi levantado sobre o caso.
ORIGEM DA SUBSTÂNCIA
Uma investigação do Ibama aponta que as manchas são de petróleo puro e que todas as amostras têm a mesma origem, mas ainda não é possível afirmar de onde ele veio. Em nota, a Petrobras afirma que o material não é produzido pela companhia.
A suspeita é que o petróleo tenha vindo de navios que passam pela região, segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), que está analisando imagens de satélite da costa. A pesquisa, no entanto, ainda está em estágio inicial.
As manchas começaram a aparecer no início de setembro. Até quinta-feira (26), eram 99 localidades atingidas. Na sexta (27), o número subiu para 109. No domingo (29), chegou a 113 e na terça-feira (1) foi para 115. Agora, já são 124 praias afetadas. A lista completa de municípios e praias atingidos está disponível no site do Ibama.
Na terça-feira (1) uma reunião foi realizada no Recife com representantes de seis dos nove estados nordestinos para discutir estratégias para diminuir os impactos das manchas de óleo.
Na reunião, os estados decidiram protocolar, em conjunto, uma denúncia sobre o caso, a ser enviada à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
Nesta quarta-feira (2) a Polícia Federal do Rio Grande do Norte comunicou que um inquérito foi instaurado para investigar a origem das manchas. A apuração sobre a possibilidade da ocorrência de dano ambiental começou no mês passado.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, os responsáveis pelo problema podem pagar uma multa que vai de R$ 5 milhões a R$ 50 milhões pelo crime ambiental, que é considerado gravíssimo. O governo do estado se preocupa com a repercussão no turismo.
Em entrevista ao G1 na última sexta (27), o diretor da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco, Eduardo Elvino, disse que o órgão está atuando em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para identificar possíveis fontes do vazamento.
O trabalho envolve analisar imagens de satélite que abrangem 187 quilômetros do litoral dos estados de Pernambuco e Paraíba. Segundo Elvino, ainda não é possível apontar quais navios podem ser responsáveis pela tragédia ambiental porque a análise está em estágio inicial.
“Com essa varredura das imagens de satélite a gente identificou os pontos no mapa que podem ser navios, e aí estamos analisando a existência de pontos pigmentados ao lado desses possíveis navios. Esses pontos coloridos podem ser realmente manchas de óleo, mas também podem ser cardumes de peixe ou concentrações de alga, por exemplo. São várias possibilidades”, explica Elvino.
ANIMAIS MORTOS
O número de animais afetados também é computado pelo Ibama. Segundo o último balanço do órgão, publicado na segunda-feira (30), o óleo já atingiu ao menos 11 tartarugas e uma ave bobo-pequeno ou furabucho (Puffinus puffinus), conhecida pela longa migração. Quatro tartarugas foram encontradas vivas e sete foram encontradas mortas ou morreram após o resgate. A ave também não resistiu ao óleo.