A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) mentiu dizendo que não teve acesso ao inquérito das fake news para não responder às perguntas da Polícia Federal.
Na quinta-feira (4), Carla Zambelli foi à Polícia Federal para depor no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, sobre o financiamento, produção e distribuição de fake news.
Alexandre de Moraes autorizou o acesso ao inquérito por parte de todos os investigados, como a deputada Zambelli.
Mesmo assim, depois de não ter respondido a nenhuma das perguntas feitas pela PF, a deputada afirmou que o fez porque não teve acesso ao inquérito e sequer sabia se estava lá como testemunha ou investigada.
“O inquérito foi aberto em 2019. Eu não sei a que elas eram relacionadas. Perguntas muito abertas. Quando você tem uma pergunta que não tem relação com o inquérito e não sabe a que está conectado, é complicado responder”.
A bolsonarista alegou que o “inquérito não é constitucional” e fere o direito de livre expressão. “O direito de livre expressão, de manifestação, de todos, não só meu, deve ser preservado, respeitado”.
Quando saiu da sede da PF, foi recebida pelo grupo “300 do Brasil”, que tem feito manifestações aos domingos pedindo o fechamento do STF e do Congresso Nacional.
A estratégia de ficar calado durante o depoimento foi utilizada também pelo ministro da Educação Abraham Weintraub. Ele foi gravado, durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, defendendo “botar esses vagabundos na cadeia, começando no STF”.
Na hora de depor, disse que desejava fazer uso de seu direito constitucional de permanecer calado.
No âmbito do inquérito, a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão contra 17 pessoas acusadas de participarem de um esquema criminoso e coordenado de ataques e ameaças a membros do Judiciário e do Legislativo.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro foram alvos da operação, entre os quais o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o empresário Luciano Hang.