A deputada Erika Hilton entrou com uma notícia-crime contra o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) após ele ter usado o celular durante uma visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar. A parlamentar do Psol-SP levou o caso ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que a conduta do parlamentar mineiro afrontou medidas cautelares já impostas pela Corte e captadas por imagens de drone que mostraram Nikolas manuseando o aparelho no encontro realizado na sexta-feira (21).
Segundo Erika, o episódio ultrapassa uma simples infração administrativa. Em sua avaliação, o comportamento do deputado “instigou e auxiliou ‘a tentativa de fuga de Jair Messias Bolsonaro’”, uma vez que a visita ocorreu poucas horas antes da violação da tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente — ação que levou Moraes a converter a prisão domiciliar em prisão preventiva. A parlamentar afirma que “as medidas da Justiça não podem ser descumpridas por interesses politiqueiros desse projeto autoritário fantasiado de parlamentar”, criticando diretamente a postura de Nikolas.
A decisão que impôs a prisão domiciliar a Bolsonaro, assinada em agosto, é explícita ao vedar aparelhos eletrônicos na residência: “os visitantes autorizados por esta Suprema Corte (…) ficam expressamente proibidos de utilizar celulares, tirar fotos ou gravar imagens”. Para Hilton, não há margem para dúvida: Nikolas “decidiu conscientemente a descumprir as regras da ordem do Supremo Tribunal Federal, que já eram públicas e notórias em face da importância de uma decisão judicial que ordenou a prisão domiciliar de um ex-presidente”.
A notícia-crime, formalizada no domingo (23), sustenta que o deputado do PL violou medidas cautelares ao usar o celular diante de Bolsonaro, então proibido inclusive de acessar redes sociais. Hilton relaciona o comportamento do parlamentar a outros episódios recentes envolvendo o entorno bolsonarista, como a vigília convocada por Flavio Bolsonaro (PL-RJ) e a posterior tentativa de evasão do ex-presidente. No documento, ela reforça que “a conduta descumpre ordem judicial e aponta para possível instigação ou auxílio ao plano de evasão. Por isso, também solicitei a busca e apreensão do celular de Nikolas, para impedir destruição de provas e garantir rigor na investigação”.
Entre os pedidos encaminhados ao STF, além da apreensão do aparelho, estão a oitiva de Nikolas e dos agentes que acompanharam a visita, bem como a aplicação de novas medidas cautelares. Em resposta pública, o parlamentar mineiro declarou que “não houve comunicação prévia de qualquer restrição ao uso de celular, nem por parte do Judiciário, nem pelos agentes responsáveis pela fiscalização durante a visita”. Ele também criticou a “TV Globo” por ter utilizado um drone para registrar imagens na área externa da casa de Bolsonaro, chamando atenção para o que considera uma invasão de privacidade.
Pouco depois da visita, Bolsonaro tentou abrir a da tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, alegando na audiência de custódia que uma “certa paranóia” causada por remédios o levou a acreditar que estava sendo monitorado pelo dispositivo. Para Moraes, a ação caracterizou tentativa de fuga e motivou a ordem de prisão preventiva.











