Nesta terça-feira (12), a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Registro Espúrio para aprofundar investigações sobre a organização criminosa que fraudou a concessão de registros de sindicatos pelo Ministério do Trabalho. Aqui. O alvo desta fase da operação – autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – é a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ). Temer nomeou a deputada ministra do Trabalho no início do ano.
A Justiça bloqueou a nomeação porque Cristiane foi condenada a pagar R$ 60 mil em ação trabalhista movida por dois ex-motoristas, que ela deu calote. Aqui. Temer insistiu na indicação da deputada porque queria os votos que Roberto Jefferson, presidente do PTB e ex-presidiário, prometeu para aprovar o desmonte da Previdência com a sua “reforma”. Jefferson foi condenado no mensalão por ter confessado que recebeu propina de R$ 4 milhões do PT.
Cristiane virou alvo desta operação a partir do material apreendido na primeira fase da Registro Espúrio. Em análise de conversas de WhatsApp do funcionário do Ministério do Trabalho, Renato Araujo Júnior, preso na primeira fase, a PF descobriu que foi a deputada quem o indicou para o cargo de chefia no ministério e quem controlava também a aprovação dos registros sindicais.
Se pai, Roberto Jefferson, presidente do PTB, já tinha sido alvo na primeira fase da operação. A Procuradoria-Geral da República pediu sua prisão, mas o STF não autorizou. Além de Jefferson foram alvos os deputados federais Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB). Além deles, o suplente de deputado Ademir Camilo Prates Rodrigues (PMDB-MG), e os senadores Dalírio Beber (PSDB-SC) e Cidinho Santos (PR-MT), licenciado do mandato.
A Operação Registro Espúrio investiga “um amplo esquema de corrupção dentro da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho, com suspeita de envolvimento de servidores públicos, lobistas, advogados, dirigentes de centrais sindicais e parlamentares”.
De acordo com as investigações da PF: a) os registros de entidades sindicais no ministério eram obtidos mediante pagamento de vantagens indevidas; b) não era respeitada a ordem de chegada dos pedidos ao ministério; c) a prioridade era dada a pedidos intermediados por políticos; d) a operação apontou um “loteamento” de cargos do Ministério do Trabalho entre os partidos PTB e Solidariedade.
Apenas para liberar um único registro sindical foi pago propina de R$ 4 milhões.
Esta fase da operação envolve três mandados de busca e apreensão nas residências e no gabinete da deputada em Brasília e no Rio de Janeiro.
A nomeação de Cristiane para o Ministério do Trabalho foi parar na Justiça. Um dia antes da posse, o juiz Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal Criminal de Niterói, suspendeu a solenidade. Temer colocou a Advocacia-geral da União (AGU) para defender a nomeação espúria. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) chegou a autorizar a posse da deputada, mas a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), não concordou e suspendeu de novo a posse. Que acabou com Jefferson desistindo da indicação da sua filha após vários reveses na Justiça. Aqui.
No fim de janeiro, Cristiane Brasil chegou a gravar um vídeo em um barco, que circulou pelas redes sociais, rodeada de marmanjos sem camisa para dar seu apoio à deputada. (veja foto-reprodução).
Veja vídeo:
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