O deputado estadual Capital Alden (PSL-BA), aliado de Bolsonaro, na Bahia, invadiu o Hospital Riverside, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, nesta quarta-feira (17) e, acompanhado de seguranças, ameaçou funcionários da unidade dedicada ao tratamento e diagnóstico de pacientes com o novo coronavírus, segundo informações da Secretaria de Saúde do estado (Sesab).
Segundo a pasta, um desses seguranças do deputado bolsonarista posicionou-se na porta de um dos quartos, tendo acesso a uma paciente nua que tomava banho em seu leito.
A invasão aconteceu seis dias depois que Bolsonaro, durante uma de suas lives, pediu para seus apoiadores “darem um jeito” de entrar em hospitais e filmar os leitos destinados aos pacientes da Covid-19, afim de provar que não há falta de leitos. Segundo Bolsonaro, o número de mortes por coronavírus no Brasil é inflado para prejudicá-lo.
De acordo com a Sesab, além de invadir o hospital aparentemente armado, acompanhado de seguranças, o deputado bolsonarista, que é policial militar, também teria ameaçado dar voz de prisão aos profissionais de saúde que trabalham no local.
“Durante todo o momento, o deputado ameaçava os profissionais da unidade de dar voz de prisão e demonstrava estar armado”, informou a Sesab. “É lamentável que o deputado e os seus seguranças coloquem em risco a própria saúde, sob risco de serem infectados com covid-19, bem como a de pacientes e profissionais”, acrescentou a secretaria.
O secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas-Boas, postou um vídeo no Twitter que seria do momento da invasão. Nas imagens, o deputado bolsonarista fala que vai entrar na unidade e filmar o local, pois é o “seu papel como fiscalizador” e ainda diz que vai entrar com processo caso sua imagem no local seja veiculada “indevidamente”.
“A invasão do Hosp. de Campanha Riverside pelo Deputado PM Capitão Alden, ocorrida hoje, indigna toda a Bahia e traz vergonha ao parlamento e à corporação. Melhor se usasse de suas prerrogativas para ajudar a encontrar soluções para o quadro que vivemos”, escreveu Vilas-Boas.
O deputado comentou o episódio nas redes sociais e se defendeu da acusação da Secretaria de Saúde. Segundo ele, não estava armado. “Fui fazer o meu trabalho como deputado estadual, fui fiscalizar e continuarei fiscalizando e cobrando informações da Secretaria de Saúde do Estado, pois foi também para isso que fui eleito democraticamente”, comentou.
Ao sugerir que seus apoiadores invadissem hospitais e filmassem, Bolsonaro afirmou que as imagens servirão como “denúncias” e serão enviadas à Polícia Federal ou à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para serem analisadas.
Após a live de Bolsonaro, diversos casos já foram registrados no país.
No dia seguinte, seis pessoas invadiram no Hospital municipal Ronaldo Gazolla, unidade de referência no tratamento da covid-19 no Rio de Janeiro. Uma mulher teria chutado portas, derrubado computadores e até tentado invadir leitos de pacientes internados, usando discurso parecido com o do presidente.
No Distrito Federal, um homem bateu boca com uma profissional da saúde na porta do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e criticou as mudanças realizadas para que o pronto-socorro pudesse acolher pacientes infectados com o novo coronavírus.
No Espírito Santo, cinco deputados estaduais – Lorenzo Pazolini (Republicanos), Vandinho Leite (PSDB), Torino Marques (PSL), Danilo Bahiense (PSL) e Carlos Von (Avante) – também invadiram um hospital, o Hospital Dório Silva na última sexta-feira, no município de Serra. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo disse que a atitude é inadmissível. “Mais grave é o fato de que essa atitude foi insuflada por uma declaração irresponsável do chefe da nação”.