O deputado Rubens Bueno (Cidadania23-PR) fez um pronunciamento na Câmara dos Deputados, na terça-feira (17), analisando o governo Bolsonaro, seus filhos e suas ofensas à democracia. “O deputado Eduardo Bolsonaro cogitou a reedição do AI-5, o abominável ato institucional da ditadura militar que permitiu a adoção da censura, a cassação de mandatos e a prisão, a tortura e o assassinato de opositores do governo. Reagimos com firmeza”, lembrou o parlamentar.
Leia abaixo trechos do seu discurso:
“O ano de 2019 começou com uma certa apreensão em torno dos rumos que o país iria tomar.
“Depois de mais de duas décadas de alternância da Presidência da República entre PSDB e PT, o eleitor resolveu trilhar um novo rumo e escolheu para o comando do país um político ligado ao espectro conservador, defensor da ditadura e de reconhecidos torturadores.
“Em seus sete mandatos como deputado Federal, não foram poucas as vezes em que o capitão do Exército Jair Bolsonaro levantou bandeiras que preocuparam aqueles que defendem a democracia e as liberdades individuais e de organização.
“Havia o temor por ataques a instituições, após uma das campanhas mais acirradas dos últimos anos, marcada por discursos exacerbados e pela disseminação de notícias falsas por ambos os lados.
“Não demorou muito para que integrantes do governo e os filhos do presidente gerassem uma série de crises, principalmente por meio de troca de ofensas direcionadas à Câmara, especialmente ao nosso presidente Rodrigo Maia, ao Senado e ao Supremo Tribunal Federal.
“A imprensa também foi e continua sendo o alvo preferencial da artilharia daqueles que não sabem conviver de maneira equilibrada com o contraditório e com as críticas que só um jornalismo livre e independente pode fazer.
“O próprio presidente insinuou a possibilidade de não renovar a concessão da Rede Globo em um vídeo em que parece ter perdido as estribeiras, tudo por causa das notícias veiculadas pela emissora a respeito de casos investigados pela Justiça e pelo Ministério Público que envolvem sua família.
“Manifestações populares contra atos do governo também foram alvo de ataques.
“Temendo que um movimento contra o governo pudesse tomar corpo, como aconteceu no Chile e na Bolívia, o deputado Eduardo Bolsonaro cogitou a reedição do AI-5, o abominável ato institucional da ditadura militar que permitiu a adoção da censura, a cassação de mandatos e a prisão, a tortura e o assassinato de opositores do governo.
“Reagimos com firmeza.
“A democracia é patrimônio de uma Nação, e jamais podemos voltar a flertar com regimes autoritários e ditatoriais. Os avanços de um país são construídos pela busca de consensos, harmonia entre os Poderes e participação ativa da população nos debates, jamais pela imposição de um único polo de poder.
“Coube ao Congresso evitar arroubos autoritários e ao Supremo Tribunal Federal, manifestar-se contra declarações e movimentos antidemocráticos que vez por outra eclodiam pelos corredores do governo.
“O ano de 2019 também nos trouxe uma lição. Ódio e intolerância não são bons companheiros. As diferenças, tão fundamentais para a construção de uma sociedade democrática, mais justa e saudável, precisam ser respeitadas. Não se muda um país por meio de batalha campal nas redes sociais e nas ruas, onde vale desde a desqualificação do adversário até a propagação de mentiras e a promoção de campanhas de destruição de reputações.
“Aqui no Legislativo, é nosso dever, sr. presidente Rodrigo Maia, mediar esses conflitos e fazer com que os brasileiros se unam para a construção de um país melhor para nossos filhos e netos. Continuamos, como sempre, vigilantes em defesa da democracia, do combate à corrupção, da melhoria dos sistemas de proteção social e das reformas.
“Vamos em frente, sr. presidente! [Rodrigo Maia]”