O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou um pedido de afastamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por atuar deliberadamente para “travar a economia brasileira e sabotar o governo Lula”.
Em documento enviado ao Conselho Monetário Nacional (CMN), Lindbergh argumenta que Roberto Campos Neto não está cumprindo com o objetivo de buscar o crescimento econômico e o pleno emprego através das ações do Banco Central, conforme estabelecido pela lei que deu autonomia ao Banco Central.
O pedido cita o “desempenho insuficiente” de Campos Neto “para o alcance dos objetivos do Banco Central” como motivo para a exoneração, como previsto na legislação.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, com voto de Campos Neto, manter os juros em 13,75%.
Para Lindbergh Farias, “não tem sentido o Brasil seguir como campeão de juros altos no mundo, num momento em que o país está vivenciando uma queda acentuada da inflação”.
“Os juros foram colocados nesse patamar quando a inflação estava acima de 10% e agora o acumulado em 12 meses chegou a 3,94%”. Dessa forma, os “juros reais estavam em torno de 3% e agora superam os 8%. Um descolamento da realidade”.
“Dada a intransigência de Campos Neto em reduzir a taxa básica de juros, é urgente que se tome uma decisão enérgica. Não podemos mais ‘ter paciência’ com um presidente do Banco Central que está comprometendo de forma direta o futuro do país”, afirmou o deputado federal.
“Além de, sob o prisma da inflação, não haver mais justificativa plausível para a manutenção dessa exorbitante taxa de juros, fica claro que a atuação de Roberto Campos Neto não está comprometida com o crescimento do país e a busca do pleno emprego”, continuou.
Os juros altos têm prejudicado o crescimento econômico e deixando as empresas brasileiras em uma situação cada vez mais difícil.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nota denunciando que a decisão do Copom “é equivocada e impõe riscos à economia”.
“A manutenção da Selic em 13,75% ao ano, com as expectativas de inflação para os próximos 12 meses em queda, representa menos dinheiro em circulação e um pé no freio na atividade econômica, que no jargão econômico é chamado de ‘intensificação do caráter contracionista da política monetária’”, disse a entidade.
A empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, cobrou pessoalmente Roberto Campos Neto em um evento.
“Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação. Já tivemos muito remédio amargo, se estou defendendo é pela pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de [que vai] baixar esses juros”, falou a empresária.
“Sem um sinal, não vamos aguentar, quantas lojas aqui já foram fechadas? Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal — e não é de 0,25 ponto, precisamos de mais”, continuou. O pedido dos empresários foi ignorado por Campos Neto.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também está cobrando a demissão de Campos Neto.
“Está na hora do Senado agir, com os poderes que a lei confere, para cobrar Campos Neto e a diretoria bolsonarista do Banco Central. Sabotam a economia e atuam propositalmente contra o país. Não há mais como tolerar esta situação. O certo é a saída desse pessoal”.
Gleisi criticou a decisão de Campos Neto de manter os “juros estratosféricos na marra”, ignorando a situação econômica do país.