Uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas com produtores rurais do Paraná mostrou que 69% dos entrevistados desaprovam a atuação da Copel (Companhia Paranaense de Energia) após a privatização. O Instituto ouviu 514 pessoas entre 26 de fevereiro e 14 de 2024.
Instabilidade na rede elétrica com apagões frequentes nos últimos quatros meses têm gerado prejuízo aos produtores em todas as regiões do Estado. A Federação da Agricultura do Estado – Paraná-FAEP – informou que mais de 50,6% das propriedades chegaram a ficar mais de cinco horas às escuras, com prejuízo grande para aviários e produtores de peixes.
Mais da metade dos produtores rurais ouvidos enfrentou mais de uma dezena de apagões ao longo de 2023. Segundo o levantamento, 38,7% deles verificaram mais de 20 casos de queda de luz nos últimos 12 meses.
A pesquisa também aferiu a demora na normalização do fornecimento de energia elétrica após as quedas. Mais da metade dos produtores (50,6%) ficaram, em média, mais de cinco horas sem energia, a cada apagão.
Nesta terça-feira (02/04), os deputados estaduais Luciana Rafagnin e Arilson Chiorato, ambos do PT/PR, enviaram um ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para pedir providência na melhoria do fornecimento de energia elétrica pela empresa.
As reiteradas quedas no fornecimento têm afetado também consumidores residenciais, comerciais, industriais e rurais, em especial da agricultura familiar, denunciam os parlamentares. Os prejuízos vão desde a perda de alimentos a queima de equipamentos e interrupção de linhas de produção.
Os deputados solicitam ainda uma reunião com a presidência da Eneel para apresentar, de maneira detalhada, os prejuízos decorrentes das quedas, oscilações e interrupções de energia elétrica no Paraná. Alguns desses dados foram apresentados para a sociedade civil durante audiência pública sobre o tema na Assembleia Legislativa do Paraná no mês passado.
O documento sugere ainda que seja estipulado pela agência reguladora metas de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) específicas para a energia rural, para garantir um serviço de energia elétrica mais estável e eficiente para os consumidores do campo.
PRECARIZAÇÃO
De acordo com os mandatos, desde a privatização da Copel em 2022, o número de interrupções aumentou em 23,6% no comparativo entre o último quadrimestre de 2023 e 2022, chegando ao montante de 38 mil apagões registradas. Outro fator observado foi o tempo médio de atendimento, que passou de 4 horas em 2022 para 6 horas em 2023, com base na pesquisa (50,6% dos consumidores do campo), destacaram os depurados.
Os dados demonstram a inércia da Copel diante das reclamações e, ao mesmo tempo, o descaso com os consumidores, avalia Arilson Chiorato. “Na audiência pública, realizada no dia 18 de março, as informações levantadas por várias instituições revelaram a precarização do serviço após a privatização”, diz.
“O meu mandato, inclusive, diante das inúmeras reclamações resolveu criar o apagômetro, uma plataforma criada para registrar as quedas de energia pelo Paraná”, informa. “Das 399, 387 já registraram apagões. O nosso trabalho de fiscalizar a atuação da Copel continua. Não vamos nos calar diante desse desrespeito com o Paraná e os paranaenses”, assegurou o parlamentar.
A Copel, que em 2021 ocupava a décima posição no ranking de eficiência da Aneel entre as 29 distribuidoras de grande porte ((com mais de 400 mil clientes) do país, despencou 15 postos em apenas três anos. A classificação da Agência leva em conta o número de quedas de energia elétrica e a duração de cada período de apagão.