
Na carta, os 59 parlamentares exigem a ruptura das relações comerciais com o regime de Israel
Mais de 59 deputados trabalhistas do Parlamento Britânico instaram o governo a reconhecer imediatamente o Estado da Palestina e a tomar medidas para impedir que Israel force o deslocamento dos palestinos da Faixa de Gaza.
Em carta ao Secretário de Relações Exteriores David Lammy, cujo conteúdo foi publicado pelo jornal The Guardian, os parlamentares pedem que o governo de Keir Starmer tome medidas imediatas contra o plano anunciado na semana passada pelo ministro de ‘Defesa’ israelense, Israel Katz, instruindo o exército a preparar um o estabelecimento de um campo de concentração nas ruínas de Rafah, cidade localizada no extremo sul da Faixa de Gaza, onde pretende confinar toda a população palestina.
“É com grande urgência e preocupação que nos dirigimos a você sobre o anúncio do ministro da Defesa israelense na segunda-feira passada sobre os planos de transferir à força todos os civis palestinos em Gaza para um campo na cidade em ruínas de Rafah, sem permitir que eles saiam”, diz a carta.
“Os planos foram descritos por um renomado advogado israelense de direitos humanos, Michael Sfard, como ‘um plano operacional para crimes contra a humanidade. Trata-se de transferir a população para o extremo sul de Gaza em preparação para a deportação para fora da Faixa de Gaza’. Embora seja uma descrição precisa, acreditamos que haja uma mais clara. A limpeza étnica de Gaza”, acrescentaram.
EXIGEM RECONHECIMENTO IMEDIATO DO ESTADO DA PALESTINA
A carta pede que o governo tome cinco medidas. O governo já está, em parte, implementando algumas delas, como o financiamento da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA.
Outras, no entanto, não têm aceitação pelas autoridades britânicas, incluindo a imposição de um bloqueio comercial aos assentamentos israelenses na Cisjordânia e o reconhecimento imediato do Estado palestino.
“Ao não reconhecer [a Palestina] como um Estado, minamos nossa própria política de Solução de Dois Estados e criamos a expectativa de que o status quo possa continuar e ver a efetiva eliminação dos palestinos e anexação do seu território”, alertaram os parlamentares.
O regime de Netanyahu estima, inicialmente, que 600 mil palestinos que estão lutando para sobreviver na área costeira de Mawasi, perto de Rafah, onde têm chegado nos últimos meses após serem transferidos à força de outras partes da região, serão deslocados para o que Katz chamou de “cidade humanitária”.
As informações da imprensa de Israel indicam que a construção da “cidade” começaria durante os 60 dias do cessar-fogo atualmente em negociação, mas sempre sabotado pela gangue no poder de Israel.
Katz descreveu seu macabro plano, segundo o qual, os palestinos seriam submetidos a uma triagem para garantir que não sejam membros de nenhum setor da resistência à invasão e que, uma vez dentro da “cidade” não teriam permissão para sair de lá, ou seja, ficariam presos. O plano de Katz prevê a transferência de iniciais 600 mil mas pretende chegar ao confinamento de todos os mais de 2 milhões de habitantes da Faixa.
Esta é a segunda vez nas últimas semanas que parlamentares trabalhistas escrevem a ministros pedindo que reconheçam a Palestina, mas é a primeira vez que se mostram dispostos a tornar seus nomes públicos.
O documento foi organizado pela corrente do Partido Trabalhista ‘Amigos da Palestina e do Oriente Médio’ e assinado por 59 parlamentares, incluindo os dois presidentes do grupo, Sarah Owen e Andrew Pakes. Outros signatários incluem Liam Byrne, que preside o comitê de negócios, e Tanmanjeet Singh Dhesi, bem como os deputados Stella Creasy, Clive Lewis, Diane Abbott e Dawn Butler.
Com o apoio dos EUA e da Europa, o exército genocida israelense continua a cometer crimes na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, resultando até esta segunda-feira (14) na morte de 58.386 civis palestinos, a maioria crianças e mulheres, e ferimentos em outros 139.077. Esta é uma avaliação preliminar, com milhares de vítimas ainda soterradas sob os escombros e nas ruas, sem possibilidade de serem alcançadas por ambulâncias e equipes de resgate.