Deputados de vários partidos lançaram nesta terça-feira (14) a Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos praticados pelo Banco Central, que mantém as taxas reais mais altas do mundo. Os parlamentares defendem também políticas de crescimento econômico e geração de empregos.
A cerimônia de lançamento da Frente foi comandada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e contou com a presença de parlamentares do PP, Avante, PT, PCdoB e PSol.
Segundo Lindbergh, o objetivo da Frente é garantir “o crescimento econômico” do Brasil, que está sendo travado pela taxa de juros básica em 13,75%, como decidiu manter o Banco Central, chefiado pelo indicado de Bolsonaro, Roberto Campos Neto.
“Vamos lutar para mostrar que essa taxa de juros é indecente e que o Brasil não tem como retomar o crescimento econômico assim”, disse Lindbergh.
O deputado André Janones (Avante-MG) afirmou que maioria dos partidos é contrária à cobrança abusiva de juros. A frente vai atuar para “conscientizar a sociedade brasileira sobre esse câncer que está levando tanto lucro”, referindo-se à especulação. “Quando as coisas vão bem, todo mundo ganha. Quando as coisas vão mal, só o banco ganha”, disse.
Janones sublinhou que a Frente Parlamentar “não é contra o sistema financeiro, mas contra a injustiça provocada por esse desequilíbrio na cobrança de juros no nosso país”.
O vice-líder do PP na Câmara, deputado Zé Nelto (PP-GO), fez discurso defendendo a redução dos juros. “Juros baixos já! Vamos aquecer a nossa economia”, disse.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da bancada do PCdoB, condenou a manutenção dos juros altos e manifestou-se contra a lei da autonomia do Banco Central, mas lembrou que, mesmo com essa autonomia, a instituição tem com como objetivo a geração de empregos e o crescimento econômico.
“As urnas disseram que projeto queriam, assim como a lei que rege a autonomia do Banco Central define regras. Está claro que o BC e a política monetária têm que gerar emprego e crescimento. Esses juros extorsivos, com 8% reais [quando é descontada a inflação], é desconectado da realidade do mundo”, disse Jandira.
Os juros em 13,75% são “um boicote à lei da autonomia e ao atual governo. A decisão da política monetária é um boicote à política que precisa ser desenvolvida pelo governo que ganhou nas urnas”, acrescentou.
“Não há nada que justifique essa política monetária em um país que precisa crescer e gerar emprego. Ninguém ganha com juros altos, só o rentismo. O setor produtivo e o país não ganham nada”, completou a deputada.
O deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), o mais bem votado de São Paulo, disse que a política econômica de Roberto Campos Neto está sendo mantida “ao custo do crédito para o trabalhador, ao custo do consumo, do pequeno e médio empresário que querem produzir. Ao custo do crescimento econômico brasileiro”.
“Brasileiros foram às urnas e disseram que não querem a política econômica de quem está em grupo de Whatsapp com os ministros do Bolsonaro”, disse, referindo-se ao flagrante, captado pela fotógrafa Gabriela Biló, de Roberto Campos Neto membro do grupo de ministros do governo anterior.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também é deputada federal, afirmou que “esses juros [altos] impedem o crescimento econômico, o investimento privado, o crédito fica comprometido e isso afeta diretamente a população na geração de emprego. Precisamos sair desse ciclo vicioso”.
Ela disse que o presidente do Banco Central tem que explicar ao Congresso Nacional “porque essa política está sendo colocada em prática. Esperamos que ele venha o mais rápido para fazer esse debate com os deputados”.