Derrite, que quer sabotar a PF, é flagrado em jantar com Cunha e Lira

Eduardo Cunha, Athur Lira e Guilherme Derrite (Foto: Reprodução - Guilherme Amado/PlatôBR)

O relator do PL Antifacção, Guilherme Derrite (PP-SP), jantou discretamente na quarta-feira (12) com os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Arthur Lira (PP-AL).

Eles se reuniram no tradicional Manuelzinho, restaurante de comida portuguesa em Brasília, para comer bacalhau e tomar vinho. O jantar foi revelado pelo site PlatôBR e confirmado pelo jornal O Globo.

O teor da conversa do trio não foi divulgado, sabe-se apenas que Guilherme Derrite se encontrou com os dois no momento em se discutia na Câmara o PL Antifacção, o qual é relator e tem feito todas as manobras para impedir a atuação da Polícia Federal.

Mas não é difícil imaginar o assunto, principalmente quando se sabe que esses interlocutores têm uma vida agitada perante a Justiça.

As propostas do substitutivo de Derrite impediam que a PF atuasse no combate ao crime organizado nos Estados. Teve de recuar. Inicialmente, Derrite queria que os governadores tivessem de autorizar as operações e investigações da PF. Depois, quis que a PF fosse obrigada a informá-los sobre sua atuação. E agora tenta sufocar financeiramente a instituição.

Eduardo Cunha foi condenado a 15 anos e quatro meses e foi preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crimes que foram revelados pela Operação Lava Jato. As condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023.

Segundo a condenação, Cunha recebeu US$ 1,5 milhão em propina em contas na Suíça para facilitar as movimentações da Petrobrás na exploração de petróleo em Benin, na África.

Já Arthur Lira foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva. Um de seus assessores tentou, com as passagens pagas por Lira, embarcar de São Paulo para Brasília com R$ 106 mil em espécie. A denúncia, que foi aceita em 2016, foi mais tarde rejeitada pelo STF.

Parlamentares da base governista criticaram a proposta de Derrite, afirmando que ela se aproximava da PEC da Blindagem, que deixou de tramitar no Congresso após uma onda de manifestações contrárias à proposta que protegia parlamentares corruptos.

Guilherme Derrite, que foi secretário de Segurança Pública de Tarcísio de Freitas em São Paulo, apresentou quatro versões de seu substitutivo para o PL Antifacção, mas não conseguiu construir um texto que pudesse ser votado na Câmara.

A expectativa do relator é que o projeto de lei seja votado na próxima terça-feira (18).

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *